"Educar é coisa do coração"

"Educar é coisa do coração"
"Educar é coisa do coração" São Bosco

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Igreja Católica e Cerveja: Porque não é pecado e como beber?

Muitos acham que beber cerveja é pecado. Entretanto, a Igreja nunca disse isso, pelo contrário, foi uma grande amiga desta criatura. Alguns afirmam que beber cerveja seja errado porque leva o homem a cometer erros e crimes. Se a Igreja foi tão amiga da cerveja como falarei abaixo, porque existe esse pensamento? De fato é a cerveja a culpada?

A relação da Igreja Católica com a Cerveja está ligada desde a Idade Média, período em que os mosteiros desenvolvia as melhores fórmulas de cervejas que contribuíram muito para as que temos hoje. Inclusive, ainda há fabricação por monges ou controle de qualidade de empresas realizados por eles.

Vivendo em mosteiros, abrigando peregrinos, clérigos, comerciantes, missionários, os monges desenvolveram a forma de incluir o lúpulo na bebida. Para ajudar nos jejuns e na Quaresma os monges desenvolveram as melhores produções do "pão líquido" que com forte concentração de malte e lúpulo, além do trigo, frutas, cevada e outros ingredientes, era a base que os sustentavam neste período seguido de intensa vida de oração. Inclusive durante o trabalho.

Houve milagres que envolveram a cerveja, por exemplo, o famoso caso de Santa Brígida de Kildare (541-525, Irlanda) onde necessitando alimentar a comitiva de clérigos, não tendo o que comer, utilizou a água para o banho e a transformou em Cerveja. Durante a escassez de fome, Santo Columbano (540-650, Irlanda) multiplicou pães e cerveja para a comunidade. Eles e tantos outros como São Patrício e Santo Arnaldo viveram suas mais celebres experiência com esta criatura. Que inclusive a Igreja tem o rito para sua benção. Hoje, pós Concílio Vaticano II, o rito foi incluído junto com os demais alimentos:



Até os tempos atuais a cerveja ainda têm seus fãs no clero,


Na foto acima temos S.S. Papa Emérito Bento XVI comemorando seu aniversário com amigos e tomando uma deliciosa cerveja Alemã. E foi justamente os monges beneditinos dos conventos de Weihenstephan e Sr. Emmeran junto com o convento de Sr. Gallen (Suíça) os pioneiros da cerveja.

Mas então porque demonizaram a cerveja e qual seria o melhor jeito de consumi-la?

A resposta é simples, com o advento do pensamento protestante, muitos cortaram e abominaram a bebida por conter álcool e teu consumo seria sinal de mau testemunho. Entretanto, as coisas não são bem assim. Não é a nossa amiga loira de cevada quem é a culpada, mas o homem e sua má utilização da liberdade. 

A Igreja católica orienta o teu povo a viver as virtudes sejam cardeais e as teologais: prudência, fortaleza, justiça e temperança, fé, esperança e caridade. O mau testemunho começa primeiro pela falta de conhecimento de si mesmo, ou seja, o homem que se deixa levar por suas fortes comoções internas e paixões que por repetidos atos maus, se cria um hábito mau e levam ao vício como bem explica no Catecismo de São Pio X sobre vícios. 

Embora a cerveja tenha seu início e apoio na Igreja Católica, isso não quer dizer fazer desta história um sustento para seus maus hábitos e ou sustento do seu vício, no caso, para aqueles que tem forte inclinação para o alcoolismo. A melhor forma de vencer os vício é desenvolvendo as virtudes. Primeiro vamos ver o que é virtude moral;

A virtude moral é o hábito de fazer o bem, adquirido repetindo atos bons. A prudência é a reta razão do ato, ou seja, analisar a situação e seu fim ultimo, este tem que ser um ato bom. Como São Pio X coloca: é a virtude que dirige os atos ao devido fim, e faz discernir e usar os meios bons. Outra virtude essencial e se não a maior é a temperança, que é a reta razão de medir as coisas. Como São Pio X coloca: É a virtude que refreia as paixões e os desejos, especialmente os sensuais, e modera o uso dos bens sensíveis. 

A prática da bebida requer antes de tudo que o homem seja homem, e saiba que toda ação tem uma reação e consequentemente: responsabilidades. Veja abaixo algumas orientações para o católico ter uma boa apreciação desta obra de arte chamada cerveja:

- Ser maior de idade, ainda que muitas das vezes ser maior de idade não é sinônimo de adulto maduro. Este necessita de maior conhecimento de si mesmo. 
- Como dito saber que todo homem tem que ser responsável pelos seus atos. Fez arca, comprou? pagou. 
- Prudência para a finalidade pelo qual se bebe: É para "chegar, ficar, pegar?" vai dirigir depois do consumo? Então a resposta é simples: Não, se afasta! Até porque o homem católico não necessita nem deve usar da bebida um motor ou válvula de escape para nenhuma atitude para ser tomada ou descarregar alguma lamentação. Além do mais, católico(a) não "fica, pega, chega", católico(a) possui propósitos sérios.
- O homem que não consegue controlar seus desejos quanto a gula, ações, vontades e desejos diversos, dificilmente conseguirá ter controle e descobrir teu limite.
- Lembrar sempre que as virtudes só sabemos que temos quando ela está em prova, ou seja, se não consegue se controlar nas pequenas coisas, dificilmente conseguirá controlar a bebida. 
- Não precisa falar do modo de falar e agir em relação as pessoas ao lado, até porque o homem prudente e que possui temperança sabe o que é respeito.
- Como já dito: não use a belíssima história da Igreja e sua relação com a cerveja que, por não ser pecado e permitida, seja usada para alimentar seu vício.
- Tudo contrário a estas coisas supracitadas são pecados.

Beba com moderação: Se beber não dirija! 

"Do suor do homem e do amor de Deus, veio a cerveja ao mundo." Santo Arnaldo (612)

(Texto e revisão: Lumine Fidei)





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Bibliografias:

1) Santos Cervejeiros - Santa Brígida de Kildare
2) Santos Cervejeiros - São Columbano
3) Catecismo da Doutrina Cristã - São Pio X
4) Cervejas do Mundo
5) Heineken Brasil - Idade Média: A Cerveja na Idade das Trevas.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

CARNAVAL! São Francisco de Sales: "Os Bailes e outros divertimentos permitidos, mas perigosos."


Bispo de Genebra do Século XVII, Doutor da Igreja e grande Diretor Espiritual, São Francisco de Sales foi o autor de grandes obras que contribuem para a educação da alma cristã, tais como: "Filoteia" e "Tratado do amor de Deus". 

Filoteia significa alma que "ama a Deus". Nesta obra é recomendado que o leitor substitua o nome "Filoteia" pelo seu próprio nome. Por exemplo, suponhamos que o leitor se chame "José" ao se deparar com o nome Filoteia, ele irá ler José no lugar de Filoteia. Simples, né?


Agora vamos ao que interessa. Nesse período de Carnaval, muitas almas tomadas pelos excessos e vícios vão se entregando a bailes e divertimentos permitidos, porém perigosos. Justamente sobre isso São Francisco de Sales irá nos auxiliar:

"As danças e os bailes são coisas de si inofensivas; mas os costumes de nossos dias tão afeitos estão ao mal, por diversas circunstâncias, que a alma corre grandes perigos nesses divertimentos. Dançam-se à noite e nas trevas, que as melhores iluminações não conseguem dissipar de todo, e quão fácil é que debaixo do manto da escuridão se façam tantas coisas perigosas num divertimento como este, que é tão propício ao mal. Fica-se aí até alta hora da noite, perdendo-se a manhã seguinte e conseguintemente o serviço de Deus.

Numa palavra, é uma loucura fazer da noite dia e do dia noite, e trocar os exercícios de piedade por vãos prazeres. Todo baile está cheio de vaidade e emulação e a vaidade é uma disposição muito favorável às paixões desregradas e aos amores perigosos e desonestos, que são as consequências ordinárias dessas reuniões.

Referindo-me aos bailes, Filoteia, digo-te o mesmo que os médicos dizem dos cogumelos, afirmando que os melhores não prestam para nada. Se tens que comer cogumelos, vejas que estejam bem preparados e não comas muito, porque, por melhor preparados que estejam, tornam-se, todavia, um verdadeiro veneno se são ingeridos em grande quantidade.

Se em alguma ocasião, não podendo te escusar, fores coagida a ir ao baile, presta ao menos atenção que a dança seja honesta e regrada em todas as circunstâncias pela boa intenção, pela modéstia, pela dignidade e decência, e dança o menos possível, para que teu coração não se apegue a essas coisas.

Os cogumelos, segundo Plínio, como são porosos e esponjosos, impregnam-se facilmente de tudo quanto lhes está ao redor, até mesmo do veneno de uma serpente que por perto deles se arraste. Do mesmo modo, essas reuniões à noite arrastam para o seu meio ordinariamente todos os vícios e pecados que vão alastrando pela cidade - os ciúmes, as pedanterias, as brigas, os amores loucos; e, como o aparato, a influência e a liberdade, que reinam nestas festas, agitam a imaginação, excitam os sentidos e abrem o coração a toda sorte de prazeres, caso a serpente murmure aos ouvidos uma palavra indecente ou aduladora, caso se seja surpreendido por algum olhar de um basilisco, os corações estarão inteiramente abertos e predispostos a receber o veneno.

Ó Filoteia, esses divertimentos ridículos são de ordinário perigosos. Dissipam o espírito de devoção, enfraquecem as forças da vontade, esfriam os ardores da caridade e suscitam a alma de milhares de más disposições. Por estas razões nunca se deve frequentá-los, e, no caso de necessidade, só com grandes precauções.

Diz-se que, depois de comer cogumelos, é preciso beber um gole do melhor vinho existente; e eu digo que, depois de assistir a estas reuniões, convém muito refletir sobre certas verdades santas e compenetrantes para precaver e dissipar as tentadoras impressões que vão prazer possa ter deixado no espírito.

Eis aqui algumas que muito aconselho:

1. Naquelas mesmas horas que passaste no baile, muitas almas se queimavam no inferno por pecados cometidos na dança ou por suas más consequências.
2. Muitos religiosos e pessoas piedosas nessa mesma hora estavam diante de Deus, cantando os seus louvores contemplando a sua bondade; na verdade, o seu tempo foi muito mais empregado que o teu!...

3. Enquanto dançavas, muitas pessoas se debatiam em cruel agonia, milhares de homens e mulheres sofriam dores atrocíssimas em suas casas ou nos hospitais. Ah! eles não tiveram um instante de repouso e tu não tiveste a menor compaixão deles; não pensas tu agora que um dia hás de gemer como eles, enquanto outros dançarão?!...
4. Nosso Senhor, a Santíssima Virgem, os santos e os anjos estavam te estavam vendo no baile. Ah! quanto os desgostaste nessas horas, estando o teu coração todo ocupado com um divertimento tão fútil e tão ridículo!
5. Ah! enquanto lá estavas, o tempo se foi passando e a morte se foi aproximando de ti; considera que ela te chame para a terrível passagem do tempo para a eternidade e para uma eternidade de gozos ou de sofrimentos.

Eis as considerações que te queria sugerir; Deus te inspirará outras mais fortes e salutares se tiveres santo e temor a Ele."






Bibliografia:

São Francisco de Sales, Filoteia, Parte, 3; Cap, 33, Pp. 256.