"Educar é coisa do coração"

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"Educar é coisa do coração" São Bosco

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Vida de Oração 01 - Corpo e Alma

Este é o primeiro vídeo de uma série que tratará sobre vida de oração segundo Santa Teresa de Ávila. 
O propósito do vídeo é colaborar com a caminhada da vida cristã nos primeiros passos da vida de oração. 
Não sou nenhum teólogo ou especialista em Santa Teresa, apenas possuo uma básica formação de Catequista e usarei desse espaço para transmitir o que recebi.
A princípio trataremos da primeira obra da Doutora e mestra em oração: "O Livro da vida", sempre com base nos pilares da fé: Magistério, Sagradas Escrituras e a Santa Tradição.


quarta-feira, 27 de julho de 2016

Igreja Militante e Contra quem lutamos? Parte I. O mundo.

"A Igreja Militante é a sociedade de todos os fiéis que ainda vivem na Terra. Chama-se Militante porque está obrigada a manter uma guerra incessante contra os mais cruéis inimigos: o mundo, a carne e o Diabo." - Concílio de Trento

Já dizia Santo Tomás de Aquino que, em caso de desordem procure a autoridade. Toda autoridade tem o poder e dever de orientar os seus subordinados, seus servos e colocar ordem no caos. 


Com o advento do modernismo, o pensamento modernista, humanista, liberal do homem colocou o ser em riscos muito mais que riscos materiais, riscos meta-físicos. 

Nesta era moderna, o pensamento progressista tem utilizado mais o termo Igreja Peregrina e dando ênfase apenas nisso, deixando um pouco de lado o termo Igreja Militante, termo adotado pelos Catecismos. A Igreja em sua totalidade ela é Una, mas com suas três partes: Igreja Celeste (no Céu), Igreja Padecente (no Purgatório) e a Igreja Militante, no qual se refere principalmente o Nono artigo do Credo: "Et unam, sanctam, Catholicam et Apostolicam Ecclesiam.1 (Creio na Igreja una, santa, católica e apostólica) 

De fato, a Igreja é também, mas não somente peregrina, é peregrina porque o peregrino caminha por um local que não é dele, ele não vive e habita ali e não é seu fim ultimo ali. Para entendermos melhor isso, tenhamos o principal alicerce sobre Igreja: Igreja é o Corpo de Cristo, cuja cabeça é o próprio Cristo e nós os seus membros. Ora, um corpo não vive sem a cabeça e a cabeça precisa do Corpo para manter sua sabedoria, ensinamentos e obras em andamento. Assim é a dinâmica que move a Igreja. Deus se fez homem, para que o homem se unindo a Ele se tornem ambos um só corpo - Ut unum sint - que todos sejam um. Acontece que a cabeça, Cristo, não é deste mundo.2 

Num silogismo simples, se a cabeça não é deste mundo e nós somos parte deste corpo cuja cabeça é Cristo, logo, não somos também deste mundo. Num outro momento Cristo nos apresenta que não veio condenar o mundo, mas salva-lo.3. Ora, se algo precisa ser salvo é porque algo corre perigo. Então, qual seria este perigo? 


O mundo é uma criação Divina, sendo assim, algo bom. São João de Deus já afirmara que como tudo vem de Deus, louvado seja tudo. Então se o mundo é uma criação divina e de origem boa, porque seria inimigo da Igreja? 

A verdade é que o homem, manchado pelo pecado original agora tem suas inclinações internas, paixões, que quando não ordenadas levam ao vício que são hábitos ruins provenientes de repetidos atos maus.4. Sendo o pecado o mal que afasta o homem de Deus, então num mundo composto por homens pecadores, acaba a criação de Deus sendo afastado de sua origem, o próprio Deus que é a origem e o sumo bem. 

A partir daí percebemos que, num Estado Laico, por exemplo, onde se retira qualquer influência da Igreja, Corpo de Cristo, finda a seu afastamento de Deus e consequentemente a desordem e o caos. 

Agora fica um pouco mais claro que, desde a redenção de Cristo que nos mereceu o prêmio da Salvação, o homem precisa travar inúmeras batalhas, vender suas túnicas e comprar suas espadas.5, pois o próprio Cristo afirma que não veio trazer a paz à Terra, mas a espada.6. Fato este que nesta união entre Deus e o homem, Nosso Senhor confirma que no mundo teremos tribulações e que seremos odiados por causa do Teu santo nome.7

Não por acaso, a Igreja enfrentou em nome de Cristo as maiores ameaças como a perseguição Cristã nos Impérios, os Muçulmanos quando o Papa Urbano II convocou as Cruzadas, o liberalismo, a Revolução Francesa, o Comunismo, Socialismo, a Cristiada no México, o Protestantismo, entre tantos outros. 

Quando falamos de Igreja Militante, devemos ter a clara ideia de que, qualquer militar marcha, acata ordens, obedecem a Hierarquia, luta em comum com os demais agentes por alguma causa e por algum objetivo. É o que nos exemplifica São Paulo quando diz que combateu o bom combate, terminou a corrida e guardou a fé.8.
A Igreja é antes militante que peregrina porque não importando o lugar onde esteja sempre estará em combate com a corrupção do homem decaído. 

A Igreja conduzida pelo Espirito Santo, santificador dos membros, condenou durante seus concílios dogmáticos as heresias durante os séculos. Além dos documentos infalíveis, três grandes exemplos atuais são os documentos: Pascendi Dominici Gregis do Papa São Pio X condenando o modernismo, a Carta Divinis Redemptoris do Papa Pio XI e o Decretum conra communismum de Pio XII.

Infelizmente, como disse o Papa Paulo VI: "A fumaça de Satanás entrou na Igreja". Essa é uma expressão muito forte, mas visível dentre os pensamentos de alguns bispos progressistas que a partir do Concílio Vaticano II, implementaram através de um falso otimismo, um projeto de criar aqui o paraíso, muitos padres começaram a alimentar as ideias liberais da Revolução Francesa desenvolvendo até a Teologia da Libertação de caráter Marxista em suas dioceses. O pensamento progressista, esse "mundo novo" que exclui a justiça da misericórdia, deu abertura ao liberalismo que desconfigurou propriedades muito importante da Igreja como as músicas sacras, a arquitetura, a forma de oração, começa a abominar a língua oficial da Igreja, a modéstia e a vida contemplativa. Transformam através de seus inclinações internas e pessoais o autêntico Santo Sacrifício do Calvário, em festas. 

Santo Tomás de Aquino diz que a batalha entre São Miguel Arcanjo e Satanás foi no campo do intelecto. 
Como afirma a Doutrina Social da Igreja, o pensamento liberal deu abertura ao comunismo. É nesse pensamento de falso otimismo onde não se condenam os erros e fica preso no âmbito pastoral, dos atos humanos, que infelizmente muitos católicos começaram a dialogar com o erro e não o errado, com o pecado e não com o pecador apenas. Santo Tomás de Aquino mostra que a verdadeira doutrina é uma ciência especulativa pois busca antes de tudo o Reino dos Céus e não prática, o paraíso na Terra pelos atos humanos. 



Nada disso é novidade, vejamos o que nos diz o atual Catecismo da Igreja Católica:

"A PROVAÇÃO DERRADEIRA DA IGREJA 
Antes do advento de Cristo, a Igreja deve passar por uma provação final que abalará a fé de muitos crentes. A perseguição que acompanha a peregrinação dela na terra desvendará o "mistério de iniquidade" sob a forma de uma IMPOSTURA RELIGIOSA que se há de trazer aos homens uma solução aparente a seus problemas, à custa da APOSTASIA DA VERDADE. A IMPOSTURA RELIGIOSA SUPREMA É A DO ANTICRISTO, isto é, a de um pseudomessianismo em que o homem glorifica a si mesmo em lugar de Deus e do seu Messias que veio na carne.
Esta impostura anticrística já se esboça no mundo toda vez que se pretende realizar na história a esperança messiânica que só pode realizar-se para além dela, por meio do juízo escatológico: mesmo em sua forma mitigada, a Igreja rejeitou esta falsificação do Reino vindouro sob o nome de milenarismo, sobretudo sob a forma política de um messianismo secularizado, "intrinsecamente perverso".
A IGREJA SÓ ENTRARÁ NA GLÓRIA DO REINO POR MEIO DESTA DERRADEIRA PÁSCOA, em que seguirá seu Senhor em sua Morte e Ressurreição. PORTANTO, O REINO NÃO SE REALIZARÁ POR UM TRIUNFO HISTÓRICO DA IGREJA segundo um progresso ascendente, mas por uma vitória de Deus sobre o desencadeamento último do mal, que fará a Esposa descer do Céu. O triunfo de Deus sobre a revolta do mal assumirá a forma de Juízo Final depois do derradeiro abalo cósmico deste mundo que passa."9 
Hoje como nos ensina as Sagradas Escrituras sobre reconhecer a verdade, a árvore pelos frutos. Podemos observar a propagação da cultura de morte pelo comunismo e o socialismo. Movimentos até dentro da Igreja de jovens e mulheres defendendo o aborto, justificando crismes de bárbaros como estupradores os colocando como "vítima da sociedade", regimes totalitários que matam a longo e curto prazo seus povos, tirando a defesa de seu povo. Talvez a citação acima do Catecismo da Igreja Católica justifique a triste e pesada pergunta de Nosso Senhor: "Digo-vos que lhes fará justiça muito em breve. Mas quando o Filho do Homem voltar, encontrará fé sobre a terra?"10. Tal pergunta tem um peso tão profundo que seria como se Cristo fosse se deparar novamente com uma pequena Igreja de fiéis que de fato, foram os únicos que guardaram o depósito da fé. 

Acontece que com a ditadura do relativismo como nos apresentou o Papa Bento XVI, retira da sociedade a ideia de que a verdade seja algo único, não por acaso criam vários "Cristos" em suas próprias concepções. Também esta ditadura do relativismo que a Igreja Militante deve lutar, pois muitas almas vão para o inferno justamente porque se altera as verdades que guardam a alma. Alguns podem rotular todo zelo como farisaísmo, mas acontece justamente que não é este o caso, mas por exemplo, quando se relativiza a Caridade, que exige a verdade, pois caso contrário é sentimentalismo, não conseguimos nos assemelhar ao Pai. Seria uma falsa caridade, algo seletivo, passageiro e não cristão.

A obra "A Verdadeira Devoção ao Espírito Santo" do Monsenhor Luís María Matínez, exemplifica bem essa realidade, pela Caridade (com a verdade) nos assemelhamos ao Espirito Santo, pois a Caridade é fruto dEle, assim adquirimos Sabedoria na prática da Caridade, Dom do Espírito Santo e a Sabedoria maior de todas é de Cristo, nos assemelhando então ao Filho e quem vê o Filho vê quem O enviou, ou seja, semelhança ao Pai. 
Com a falta da verdade o povo de Deus pode ficar rodando em círculos no deserto como o povo andava com Moisés. 

Como o homem é dotado de corpo e alma, mas a alma é composta de intelecto e vontades, o corpo é corruptível, mas a alma é eterna, ela se condena ou se salva. 

Então, podemos concluir que, quanto ao mundo, a Igreja Militante deve lutar contra as ideologias,  as heresias já condenadas pela Igreja pelo magistério e nos foi herdado pela tradição. Visivelmente recomendação orientada pelo Apóstolo São Paulo: "Eu te conjuro, diante de Deus e de Cristo Jesus, que há de vir julgar os vivos e os mortos, pela sua Aparição e por seu Reino: proclama a palavra, insiste, no tempo oportuno e no inoportuno, refuta, ameaça, exorta com toda paciência e doutrina. Pois virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, seguindo os seus próprios desejos, como que sentido comichão nos ouvidos*, se rodearão de mestres; Desviarão os ouvidos da verdade, orientando-os para as fábulas. Tu, porém, sê sóbrio em tudo, suporta o sofrimento, faze o trabalho de evangelista. realiza plenamente teu ministério."11 

As Sagradas Escrituras começam com Gênesis falando da criação do Céu e da Terra12, e termina também com o livro do Apocalipse falando de uma Nova Terra e Novo Céu.13 Cristo não veio condenar o mundo, mas salva-lo justamente porque quer salvar o homem do pecado que o afasta de Deus, então salva o mundo salvando o homem. Por isso, pela Igreja, Nova Terra e Novo Céu, a Nova Jerusalém, o mundo é bom, mas não é o paraíso, mas bom por ser criação de Deus, mas é no mundo obscuro pelo pecado que ocorrem as lutas, ou seja, no mundo que retiram Deus. O mundo que O odiou.
Pelo batismo somos chamados a santidade, pois devemos ser santos porque Nosso Senhor é santo. "Quando alguém está em Cristo é uma nova criatura, e então pode-se dizer: o antigo desapareceu, vede: tudo é novo!".14



Batalha de Ourique 




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Notas:
*Os desejos, sentidos e comichão ditos por São Paulo são as paixões, inclinações e comoções internas.
1- (Catec. São Pio X. n. 148).
2- (Jo, XVIII, 36)
3-  (Jo XII, 47)
4-  (Catec. São  Pio X, n. 956)
5-  (Lc XXII, 36)
6-  (Mt X, 34)
7-  (Lc XXI, 17)
8-  (II Timóteo IV, 7)
9-  (CIC-675)
10-  (Lc XVIII, 8)
11-  (II Tm IV, 1-5)
12-  (Gn I, 1)
13-  (Ap XXI, 1)
14-   (II Cor. V, 17)

Bibliografias:

- Bíblia Sagrada
- Catecismo Maior de São Pio X
- Catecismo da Igreja Católica
-  A Verdadeira Devoção ao Espírito Santo, Mons. Luís María Martínez
- Concílio de Trento
- Permanência Internet, "O mundo, a carne e o diabo: cruéis inimigos da Igreja e da alma."


quinta-feira, 24 de março de 2016

CATEQUESE I: O que preciso saber sobre a Semana Santa?

1º Da Semana Santa em geral


41. Por que a última Semana da Quaresma se chama Santa?
A última semana da Quaresma chama-se santa porque nela se celebra a comemoração dos maiores mistérios operados por Jesus Cristo para nossa redenção.

42. Qual é o mistério que se comemora no Domingo de Ramos?
No Domingo de Ramos comemora-se a entrada triunfante de Jesus Cristo em Jerusalém, seis dias antes de sua Paixão.

43. Por que quis Jesus Cristo entrar triunfante em Jerusalém. antes da sua Paixão?
Jesus Cristo, antes de sua Paixão, quis entrar triunfante em Jerusalém, como fora predito: 1º para animar os seus discípulos, dando-lhes por esta forma uma prova clara de que Ele ia sofrer espontaneamente; 2º para nos ensinar que por sua morte Ele triunfaria do demônio, do mundo e da carne, e que nos abriria as portas do Céu.

44. Qual é o mistério que se celebra na Quinta-Feira Santa?
Na Quinta-Feira Santa celebra-se a instituição do Santíssimo Sacramento da Eucaristia.

45. Qual o mistério que se recorda na Sexta-Feira Santa?

Na Sexta-Feira Santa recorda-se a Paixão e morte do Salvador.

46. Quais os mistérios que se comemoram no Sábado-Santo?
No Sábado Santo honra-se a sepultura de Jesus Cristo e a sua descida ao Limbo, e, depois do sinal do Glória, começa-se a honrar a sua gloriosa ressurreição.

47. Que Devemos fazer para passar a Semana Santa segundo o ESPIRITO DA IGREJA?
Para passar a Semana Santa segundo o espírito da Igreja, devemos fazer três coisas: 1º unir ao jejum um maior recolhimento interior e um maior fervor de oração. 2º meditar continuamente, com sentimentos de compunção, os sofrimentos de Jesus Cristo, 3º assistir, sendo possível, aos ofícios com este mesmo espírito.

2º De algumas cerimônias da Semana Santa

48. Por que se chama de Ramos o domingo da Semana Santa?
Chama-se de Ramos o domingo da Semana Santa por causa da procissão que se faz neste dia, na qual os fiéis levam na mão um ramo de oliveira, ou de palma.

49. Por que no Domingo de Ramos se faz a procissão levando ramos de oliveira?
No Domingo de Ramos faz-se a procissão levando ramos de oliveira ou palmas para recordar a entrada triunfante de Jesus Cristo em Jerusalém, recebido e seguido pelas turbas com ramos de palmeira nas mãos.

50. Por que na volta da procissão de Ramos bate-se três vezes na porta da Igreja antes que esta se abra?
Na volta da procissão de Ramos bate-se três vezes na porta da igreja antes que esta se abra para significar que o Céu estava fechado pelo pecado de Adão e que Jesus Cristo mereceu-nos a entrada nele com sua morte.

51. Quem foram os que saíram ao encontro de Jesus Cristo, quando entrou triunfante em Jerusalém?
Quando Jesus Cristo entrou triunfante em Jerusalém, saíram-lhe ao encontro o povo simples e as crianças, não porém os grandes da cidade. Dispôs Deus assim, para nos dar a conhecer que a soberba os tornara indignos de tomar parte no triunfo de Nosso Senhor, que ama a simplicidade do coração, a humildade e a inocência.

52. Por que não tocam os sinos desde Quinta-Feira Santa até ao Sábado Santo?
Desde a Quinta-Feira Santa até o Sábado Santo não tocam os sinos em sinal de grande tristeza por causa da Paixão e morte do Salvador.

53. Por que se conserva na Quinta-Feira Santa uma hóstia consagrada?
Na Quinta-Feira Santa conserva-se uma hóstia consagrada; 1º a fim de que se tributem especiais adorações ao Sacramento da Eucaristia no dia em que foi instituído; 2º para que se possa celevrar a liturgia na Sexta-Feira Santa, em que o Sacerdote não consagra.

54. Por que na Quinta Feira Santa, depois da Missa, se desnudam os altares?
Na Quinta-Feira Santa depois da Missa, desnudam-se os altares, para nos representar Jesus Cristo despojado dos seus vestidos, a fim de ser açoitado e pregado na Cruz, e para nos ensinar que, para celebrar dignamente a sua Paixão, devemos despojar-nos do homem velho, isto é, de todo o afeto mundano.

55. Por que se faz a cerimônia do lava-pés na Quinta-feira Santa?
Na Quinta-Feira Santa faz-se a cerimônia do lava-pés; 1º para renovar a memória daquele ato de humilhação com que Jesus Cristo se baixou a lavar os pés aos seus Apóstolos; 2º porque Ele mesmo exortou os Apóstolos, e na pessoa deles todos os fiéis, a imitar o seu exemplo; 3º para nos ensinar que devemos purificar o nosso coração de toda a mancha, e praticar, uns para com os outros, os deveres da caridade e humildade cristã.

56. Por que na Quinta-Feira Santa os fiéis vão fazer a visita ao Santíssimo Sacramento em várias Igrejas, em procissão ou particularmente?
Na Quinta-Feira Santa os fiéis vão fazer a visita ao Santíssimo Sacramento em várias Igrejas como lembrança das dores suportadas por Jesus Cristo em vários lugares, como no Horto, nas casas de Caifás, de Pilatos e de Herodes e no Calvário.

57. Com que espírito se devem fazer estas visitas na Quinta-Feira Santa?
Na Quinta-Feira Santa, devem-se fazer estas visitas, não por mera curiosidade, por hábito ou distração, mas com uma sincera contrição dos nossos pecados, que são a verdadeira causa da Paixão e morte do nosso Redentor, e com verdadeira compaixão pelas suas dores, meditando nos seus vários tormentos: por exemplo, na primeira visita, o que sofreu no Horto, na segunda, o que sofreu no pretório de Pilatos, e assim por diante.

58. Por que na Sexta-Feira Santa a Igreja, de modo particular, pede a Nosso Senhor por toda a classe de pessoas, até pelos pagãos e judeus?
A Igreja, na Sexta-Feira Santa, de modo particular, pede a Nosso Senhor por tada a classe de pessoas para mostrar que Jesus Cristo morreu por todos os homens, e para implorar, em benefício de todos, os frutos da sua Paixão.

59. Por que na Sexta-Feira Santa se adora solenemente a Cruz?
Na Sexta-Feira Santa adora-se solenemente a Cruz, porque, tendo sido Jesus Cristo pregado na Cruz, e tendo morrido nela naquele dia, a santificou com o seu sangue.

60. A adoração deve-se só a Deus; por que se adora então a Cruz?
Só a Deus se deve a adoração, e por isso, quando se adora a Cruz, a nossa adoração é feita a Jesus Cristo, que nela morreu.

61. Quais são as principais cerimônias do Sábado Santo?
Entre as cerimônias do Sábado Santo as principais são: a bênção do círio pascal e a bênção da fonte ou pia batismal. 

62. Que significa círio pascal?
O círio pascal significa o esplendor e a glória que Jesus Cristo ressuscitado trouxe ao mundo.

63. Por que se benze no Sábado Santo a fonte batismal?
No Sábado Santo benze-se a fonte batismal porque antigamente neste dia, como também na vigília de Pentecostes, se conferia solenemente o Batismo. 

64. Que devemos fazer enquanto se benze a fonte batismal?
Enquanto se benze a fonte batismal, devemos dar graças a Nosso Senhor por nos ter admitido ao Batismo e renovar as promessas que então fizemos.






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Bibliografia:
Catecismo de São Pio X, cap. VII.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Igreja Católica e Cerveja: Porque não é pecado e como beber?

Muitos acham que beber cerveja é pecado. Entretanto, a Igreja nunca disse isso, pelo contrário, foi uma grande amiga desta criatura. Alguns afirmam que beber cerveja seja errado porque leva o homem a cometer erros e crimes. Se a Igreja foi tão amiga da cerveja como falarei abaixo, porque existe esse pensamento? De fato é a cerveja a culpada?

A relação da Igreja Católica com a Cerveja está ligada desde a Idade Média, período em que os mosteiros desenvolvia as melhores fórmulas de cervejas que contribuíram muito para as que temos hoje. Inclusive, ainda há fabricação por monges ou controle de qualidade de empresas realizados por eles.

Vivendo em mosteiros, abrigando peregrinos, clérigos, comerciantes, missionários, os monges desenvolveram a forma de incluir o lúpulo na bebida. Para ajudar nos jejuns e na Quaresma os monges desenvolveram as melhores produções do "pão líquido" que com forte concentração de malte e lúpulo, além do trigo, frutas, cevada e outros ingredientes, era a base que os sustentavam neste período seguido de intensa vida de oração. Inclusive durante o trabalho.

Houve milagres que envolveram a cerveja, por exemplo, o famoso caso de Santa Brígida de Kildare (541-525, Irlanda) onde necessitando alimentar a comitiva de clérigos, não tendo o que comer, utilizou a água para o banho e a transformou em Cerveja. Durante a escassez de fome, Santo Columbano (540-650, Irlanda) multiplicou pães e cerveja para a comunidade. Eles e tantos outros como São Patrício e Santo Arnaldo viveram suas mais celebres experiência com esta criatura. Que inclusive a Igreja tem o rito para sua benção. Hoje, pós Concílio Vaticano II, o rito foi incluído junto com os demais alimentos:



Até os tempos atuais a cerveja ainda têm seus fãs no clero,


Na foto acima temos S.S. Papa Emérito Bento XVI comemorando seu aniversário com amigos e tomando uma deliciosa cerveja Alemã. E foi justamente os monges beneditinos dos conventos de Weihenstephan e Sr. Emmeran junto com o convento de Sr. Gallen (Suíça) os pioneiros da cerveja.

Mas então porque demonizaram a cerveja e qual seria o melhor jeito de consumi-la?

A resposta é simples, com o advento do pensamento protestante, muitos cortaram e abominaram a bebida por conter álcool e teu consumo seria sinal de mau testemunho. Entretanto, as coisas não são bem assim. Não é a nossa amiga loira de cevada quem é a culpada, mas o homem e sua má utilização da liberdade. 

A Igreja católica orienta o teu povo a viver as virtudes sejam cardeais e as teologais: prudência, fortaleza, justiça e temperança, fé, esperança e caridade. O mau testemunho começa primeiro pela falta de conhecimento de si mesmo, ou seja, o homem que se deixa levar por suas fortes comoções internas e paixões que por repetidos atos maus, se cria um hábito mau e levam ao vício como bem explica no Catecismo de São Pio X sobre vícios. 

Embora a cerveja tenha seu início e apoio na Igreja Católica, isso não quer dizer fazer desta história um sustento para seus maus hábitos e ou sustento do seu vício, no caso, para aqueles que tem forte inclinação para o alcoolismo. A melhor forma de vencer os vício é desenvolvendo as virtudes. Primeiro vamos ver o que é virtude moral;

A virtude moral é o hábito de fazer o bem, adquirido repetindo atos bons. A prudência é a reta razão do ato, ou seja, analisar a situação e seu fim ultimo, este tem que ser um ato bom. Como São Pio X coloca: é a virtude que dirige os atos ao devido fim, e faz discernir e usar os meios bons. Outra virtude essencial e se não a maior é a temperança, que é a reta razão de medir as coisas. Como São Pio X coloca: É a virtude que refreia as paixões e os desejos, especialmente os sensuais, e modera o uso dos bens sensíveis. 

A prática da bebida requer antes de tudo que o homem seja homem, e saiba que toda ação tem uma reação e consequentemente: responsabilidades. Veja abaixo algumas orientações para o católico ter uma boa apreciação desta obra de arte chamada cerveja:

- Ser maior de idade, ainda que muitas das vezes ser maior de idade não é sinônimo de adulto maduro. Este necessita de maior conhecimento de si mesmo. 
- Como dito saber que todo homem tem que ser responsável pelos seus atos. Fez arca, comprou? pagou. 
- Prudência para a finalidade pelo qual se bebe: É para "chegar, ficar, pegar?" vai dirigir depois do consumo? Então a resposta é simples: Não, se afasta! Até porque o homem católico não necessita nem deve usar da bebida um motor ou válvula de escape para nenhuma atitude para ser tomada ou descarregar alguma lamentação. Além do mais, católico(a) não "fica, pega, chega", católico(a) possui propósitos sérios.
- O homem que não consegue controlar seus desejos quanto a gula, ações, vontades e desejos diversos, dificilmente conseguirá ter controle e descobrir teu limite.
- Lembrar sempre que as virtudes só sabemos que temos quando ela está em prova, ou seja, se não consegue se controlar nas pequenas coisas, dificilmente conseguirá controlar a bebida. 
- Não precisa falar do modo de falar e agir em relação as pessoas ao lado, até porque o homem prudente e que possui temperança sabe o que é respeito.
- Como já dito: não use a belíssima história da Igreja e sua relação com a cerveja que, por não ser pecado e permitida, seja usada para alimentar seu vício.
- Tudo contrário a estas coisas supracitadas são pecados.

Beba com moderação: Se beber não dirija! 

"Do suor do homem e do amor de Deus, veio a cerveja ao mundo." Santo Arnaldo (612)

(Texto e revisão: Lumine Fidei)





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Bibliografias:

1) Santos Cervejeiros - Santa Brígida de Kildare
2) Santos Cervejeiros - São Columbano
3) Catecismo da Doutrina Cristã - São Pio X
4) Cervejas do Mundo
5) Heineken Brasil - Idade Média: A Cerveja na Idade das Trevas.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

CARNAVAL! São Francisco de Sales: "Os Bailes e outros divertimentos permitidos, mas perigosos."


Bispo de Genebra do Século XVII, Doutor da Igreja e grande Diretor Espiritual, São Francisco de Sales foi o autor de grandes obras que contribuem para a educação da alma cristã, tais como: "Filoteia" e "Tratado do amor de Deus". 

Filoteia significa alma que "ama a Deus". Nesta obra é recomendado que o leitor substitua o nome "Filoteia" pelo seu próprio nome. Por exemplo, suponhamos que o leitor se chame "José" ao se deparar com o nome Filoteia, ele irá ler José no lugar de Filoteia. Simples, né?


Agora vamos ao que interessa. Nesse período de Carnaval, muitas almas tomadas pelos excessos e vícios vão se entregando a bailes e divertimentos permitidos, porém perigosos. Justamente sobre isso São Francisco de Sales irá nos auxiliar:

"As danças e os bailes são coisas de si inofensivas; mas os costumes de nossos dias tão afeitos estão ao mal, por diversas circunstâncias, que a alma corre grandes perigos nesses divertimentos. Dançam-se à noite e nas trevas, que as melhores iluminações não conseguem dissipar de todo, e quão fácil é que debaixo do manto da escuridão se façam tantas coisas perigosas num divertimento como este, que é tão propício ao mal. Fica-se aí até alta hora da noite, perdendo-se a manhã seguinte e conseguintemente o serviço de Deus.

Numa palavra, é uma loucura fazer da noite dia e do dia noite, e trocar os exercícios de piedade por vãos prazeres. Todo baile está cheio de vaidade e emulação e a vaidade é uma disposição muito favorável às paixões desregradas e aos amores perigosos e desonestos, que são as consequências ordinárias dessas reuniões.

Referindo-me aos bailes, Filoteia, digo-te o mesmo que os médicos dizem dos cogumelos, afirmando que os melhores não prestam para nada. Se tens que comer cogumelos, vejas que estejam bem preparados e não comas muito, porque, por melhor preparados que estejam, tornam-se, todavia, um verdadeiro veneno se são ingeridos em grande quantidade.

Se em alguma ocasião, não podendo te escusar, fores coagida a ir ao baile, presta ao menos atenção que a dança seja honesta e regrada em todas as circunstâncias pela boa intenção, pela modéstia, pela dignidade e decência, e dança o menos possível, para que teu coração não se apegue a essas coisas.

Os cogumelos, segundo Plínio, como são porosos e esponjosos, impregnam-se facilmente de tudo quanto lhes está ao redor, até mesmo do veneno de uma serpente que por perto deles se arraste. Do mesmo modo, essas reuniões à noite arrastam para o seu meio ordinariamente todos os vícios e pecados que vão alastrando pela cidade - os ciúmes, as pedanterias, as brigas, os amores loucos; e, como o aparato, a influência e a liberdade, que reinam nestas festas, agitam a imaginação, excitam os sentidos e abrem o coração a toda sorte de prazeres, caso a serpente murmure aos ouvidos uma palavra indecente ou aduladora, caso se seja surpreendido por algum olhar de um basilisco, os corações estarão inteiramente abertos e predispostos a receber o veneno.

Ó Filoteia, esses divertimentos ridículos são de ordinário perigosos. Dissipam o espírito de devoção, enfraquecem as forças da vontade, esfriam os ardores da caridade e suscitam a alma de milhares de más disposições. Por estas razões nunca se deve frequentá-los, e, no caso de necessidade, só com grandes precauções.

Diz-se que, depois de comer cogumelos, é preciso beber um gole do melhor vinho existente; e eu digo que, depois de assistir a estas reuniões, convém muito refletir sobre certas verdades santas e compenetrantes para precaver e dissipar as tentadoras impressões que vão prazer possa ter deixado no espírito.

Eis aqui algumas que muito aconselho:

1. Naquelas mesmas horas que passaste no baile, muitas almas se queimavam no inferno por pecados cometidos na dança ou por suas más consequências.
2. Muitos religiosos e pessoas piedosas nessa mesma hora estavam diante de Deus, cantando os seus louvores contemplando a sua bondade; na verdade, o seu tempo foi muito mais empregado que o teu!...

3. Enquanto dançavas, muitas pessoas se debatiam em cruel agonia, milhares de homens e mulheres sofriam dores atrocíssimas em suas casas ou nos hospitais. Ah! eles não tiveram um instante de repouso e tu não tiveste a menor compaixão deles; não pensas tu agora que um dia hás de gemer como eles, enquanto outros dançarão?!...
4. Nosso Senhor, a Santíssima Virgem, os santos e os anjos estavam te estavam vendo no baile. Ah! quanto os desgostaste nessas horas, estando o teu coração todo ocupado com um divertimento tão fútil e tão ridículo!
5. Ah! enquanto lá estavas, o tempo se foi passando e a morte se foi aproximando de ti; considera que ela te chame para a terrível passagem do tempo para a eternidade e para uma eternidade de gozos ou de sofrimentos.

Eis as considerações que te queria sugerir; Deus te inspirará outras mais fortes e salutares se tiveres santo e temor a Ele."






Bibliografia:

São Francisco de Sales, Filoteia, Parte, 3; Cap, 33, Pp. 256.


sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Quais são os sinais que mostram que sou egoísta?

Dentre os pronomes encontramos: Eu, tu ,ele(a), nós, vós, eles(as), entretanto em nossa realidade deparamos os péssimos frutos do modernismo e o homem moderno tende ao egoísmo, o "eu". Mas antes, o que é o homem moderno? 

O homem moderno é aquele que está nas tendências, nas modas, nos costumes temporais. Aquele homem que tem a necessidade de ser e ter. Vale lembrar que o homem é dotado de inteligência e vontades. A vontade que vai de encontro com a inteligência e assim controla os sentidos. Deste modo, podemos entender que o egoísmo faz parte do espírito humano, ou espírito de natureza que é a inclinação para julgar, querer e agir de modo demasiado humano, segundo a natureza decaída que tende para sua vantagem pessoal, para sua própria utilidade. Assim temos o espírito do egoísmo e do individualismo.1

Então, onde podemos encontrar os sinais do egoísmo?

1) Na Soberba;

A soberba está ligada intimamente ao orgulho. Uma pessoa orgulhosa certamente é egoísta, ela pensa no seu "eu", em suas qualidades, dons, características e habilidades. Faz questão que saibam que possui tais talentos, que saibam que é bom naquilo, quer ser o centro. Certamente, essas pessoas acham que seus problemas são maiores que os demais, que suas dores são maiores ou que elas justificam qualquer ato errado que elas façam. Ainda que saibam ou tenham uma luz sobre a verdade, elas sempre irão querer colocar um "mas" sobre qualquer argumento sem analisá-lo ainda que certo ou errado. O egoísta soberbo gosta das coisas no seu tempo e da sua maneira.

2) Na Avareza;

O egoísta avarento pensa em si ao ponto de ter vários itens do mesmo gênero, por exemplo, os sapatos, ao ver uma novidade na área quer adquiri-lo, ainda que não tenha tal condição para compra-lo. Se o amigo tem, ele quer, se alguém gostou ou falou bem, ele não pensa duas vezes e já quer comprar. Este egoísta muitas vezes faz questão de ter ao ponto de negligenciar teu salário e entrar em dívidas surreais. Possui tão apego aos materiais que é um martírio abrir mão para uma doação. Ainda no exemplo dos sapatos, seria para ele mais fácil comprar mais um par que doar um par. 

3) Na Luxúria;

Uma pessoa que só pensa em si, busca acima de tudo satisfazer seus prazeres e paixões. As paixões são comoções ou movimentos violentos da alma que, se não moderados pela razão, arrastam ao vício e, muitas vezes, inclusive ao crime 2. Então o que é um vício? O vício é o hábito de fazer o mal, adquirido repetindo atos maus. 3. Quando um jovem está sofrendo as mudanças do seu corpo, corre o grande risco de cair no vício da masturbação. Ele pensando em seu prazer, em si satisfazer busca o prazer de forma desenfreada ao ponto de não achar necessária a companhia de alguém, quando encontra vive um grande problema: Ela ainda irá querer sua satisfação submetendo seu parceiro a atos em função de suas fantasias. Quando o egoísta da luxúria não consegue atingir suas vontades entra numa crise de ira ou comete a traição. Essa ideia de posse, poder sobre a pessoa, pode levar a morte por ciumes. Imaginando um casal: o casal que possui a luxúria como centro são egoístas, eles terão relações ao ponto de não querer compromissos com filhos, prazer sem responsabilidades. O egoísmo na luxúria tende a matar o amor, isso porque a pornografia mata o amor. 

4) Na Ira

O egoísta irado é aquele movido por um desapontamento mínimo que seja que desagradou suas vontades e seu ego se transforma em um monstro. Como citado acima, a morte gerada pelo ciume é uma ira do egoísmo. Qualquer ato que vá contra a vontade do egoísta, do tempo dele e maneira dele é como acender um pavio curto de uma bomba. Perde a paciência e tende a discutir sempre por pequenas coisas irrelevantes. 

5) Na Gula

O guloso é o egoísta que vai dividir a pizza já visando o maior pedaço para si. Ele vai pegar o ultimo biscoito do pacote, a ultima fatia do tabuleiro. Aquele que já satisfeito, ao ver algo que sabe que é de teu sabor, do teu agrado da a famosa "beliscada". Isso pode gerar o excesso e assim comprometer sua saúde, seja por comida ou bebidas. A gula pode ser tão forte que ainda com a saúde prejudicada, ele negligencia e continua a comer ou a beber.

6) Na Inveja

O egoísta invejoso é aquele que pensa tanto em si que vive numa comparação no qual ao ver alguma virtude em alguém ou um bem sente o prazer em ter para si, de ser igual ou se sentir superior e se indagar: "porque ele(a) tem e eu não?". O invejoso é capaz de querer se assemelhar tanto ao outro ao ponto de perder sua própria identidade. Pela desobediência a Deus e inveja ao homem, satanás foi lançado para fora do paraíso.

7) Na Preguiça

O preguiçoso é aquele que pensa tanto em si que se torna tão egoísta que cria uma cultura de "empurrar tudo com a barriga" deixar tudo para depois. Aqueles cinco minutos amais na cama que compromete no trabalho, aquele que vê a data da sua prova distante e acha que menos um dia de estudo não o comprometerá. O preguiçoso tem preguiça inclusive para rezar e buscar meios de direções espirituais, discutir temas importantes e ou ter pré disposição para aprender. É aquele que faz faz o sinal da cruz antes de dormir, diz: "Senhor, tu sabes de tudo", encerra a "oração", vira pro canto e dorme. 

Então, apresentado o egoísta nos pecados capitais, como vencer? A Igreja nos mostra como soluções para vencer a inclinação para o pecado, as virtudes, mas o que e quais são elas?

"O que é a virtude moral?
A virtude moral é o hábito de fazer o bem, adquirido repetindo atos bons.4"

Ética vem do grego - Ethos que significa caráter, que também tem um outro significado nesta mesma origem que é - Nta que significa costumes. O objetivo da ética é a formação do caráter pelas virtudes, logo, a ética é a ciência do caráter. 5
Por isso que muitos ainda sem entender a essência do que é uma virtude consegue perceber em alguém e dizer: "olha, aquele cara possui um bom caráter", mas como ela sabe o que é um bom caráter ou não? A Igreja sabiamente nos aponta sete virtudes que nos mostram os pontos de orientação, como os pontos cardeais que dão rumos, logo são chamadas de virtudes cardeais, são elas: prudência, justiça, fortaleza e temperança. Vejamos então o que são essas virtudes:

"A prudência é a virtude que dirige os atos ao devido fim, e faz discernir e usar os meios bons.6"
"A justiça é a virtude que faz dar a cada um o que lhe é devido.7"
"A fortaleza é a virtude que faz afrontar sem temeridade e sem timidez qualquer dificuldade ou perigo, e inclusive a morte, pelo serviço de Deus e pelo bem do próximo.8"
"A temperança é a virtude que refreia as paixões e os desejos, especialmente os sensuais, e modera o uso dos bens sensíveis.9"

Essas são as virtudes cardeais as quais sem elas não poderão desenvolver as três virtudes teologais, teologais porque necessitamos da ajuda divina para obtê-las. São elas: Fé, esperança e caridade. Mas primeiro vejamos o que são as virtudes teologais:

A virtude é a constante disposição da alma para fazer o bem.10"

Para alcançarmos as virtudes teologais é necessário a prática das virtudes cardeais. Dificilmente alguém poderá falar de Fé e Caridade sem prudência e temperança. 

Sendo assim,

"A fé é a virtude sobrenatural pela qual cremos, sob a autoridade de Deus, o que Ele revelou e nos propõe a crer por meio da Igreja.11"

"A esperança é a virtude sobrenatural pela qual confiamos em Deus e dEle esperamos a vida eterna e as graças necessárias para merece-la aqui embaixo com as boas obras.12"

"A caridade é a virtude sobrenatural pela qual amamos Deus por Si mesmo sobre todas as coisas, e o próximo como a nós mesmos por amor a Deus.13"

Assim, com o desenvolvimento das virtudes podemos entender a seguinte passagem: "Eu vivo, mas não eu: é Cristo que vive em mim. Minha atual na carne, eu a vivo na fé, crendo no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim." Gl II, 20




(Texto, revisão e formatação: Lumine Fidei)

Notas:

1- Garrigou-Lagrange, Discernimento dos Espíritos.
2- Catecismo da Doutrina Cristã, São Pio X, cap. III, n. 259
3- Catecismo da Doutrina Cristão, São Pio X, cap. III, n. 260
4- Catecismo da Doutrina Cristão, São Pio X, cap. III, n. 252
5- Contra Impugnantes, Psicologia de la templanza.
6- Catecismo da Doutrina Cristão, São Pio X, cap. III, n. 255
7- Catecismo da Doutrina Cristão, São Pio X, cap. III, n. 256
8- Catecismo da Doutrina Cristão, São Pio X, cap. III, n. 257
9- Catecismo da Doutrina Cristão, São Pio X, cap. III, n. 258
10- Catecismo da Doutrina Cristão, São Pio X, cap. III, n. 227
11- Catecismo da Doutrina Cristão, São Pio X, cap. III, n. 232
12- Catecismo da Doutrina Cristão, São Pio X, cap. III, n. 238
13- Catecismo da Doutrina Cristão, São Pio X, cap. III, n. 240

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Bibliografia:

1) Garrigou-Lagrange, Discernimento dos Espíritos
2) Catecismo da Doutrina Cristã, São Pio X
3) Contra Impugnantes, Psicologia de la templanza: http://contraimpugnantes.com/

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Por que comodismo não é catolicismo.

"Não quiseram conhecer para não terem que agir corretamente" (Sl XXXV)

Num dia de chuva ainda que tenhamos muitos afazeres a realizar, é tentador colocar um bom filme, as pernas para o alto, a pipoca no colo e então "relaxarmos". Num almoço em família ou numa festa de aniversário, é costume esperar alguém nos servir o refrigerante, o primeiro que pegar a garrafa e colocar no copo terá tantos outros copos com os braços esticados pedindo que os sirvam. Numa fila de banco, por exemplo, é comum alguém pedir para vigiar o lugar até acabar de resolver outro problema, isso para manter teu lugar reservado. Preferimos bancos acolchoados no lugar de madeira, genuflexórios acolchoados do que de madeira, cadeiras com rodinhas nos pés do que sem rodinhas nos pés. A todo momento só pensamos numa coisa: Ficarmos acomodados.

A princípio esses pequenos exemplos parecem nada, mas são reflexos de uma vida espiritual pouco desenvolvida. Como nos ensina Santo Tomás de Aquino, "a alma é o princípio intrínseco de movimento do corpo". Sendo o homem formado de corpo e alma, o corpo vai refletir o estado da alma. 

Certamente, ficar comodo dá uma sensação de relaxamento, tranquilidade, mas isso pode ser devido a uma falsa paz. Consequentemente, esse comportamento pode gerar o vício do descomprometimento com os deveres. Exemplo: Aquele aluno que tem uma prova marcada para o mês seguinte, porém, prefere pensar: "Ah, ainda tenho tempo, só hoje não terá problema não estudar. Amanhã começarei". Quando ele se dá conta, já é o dia da prova e quer antes dela estudar tudo o que deveria ter estudado ao longo deste período.  

O pecado da preguiça pode estar intimamente ligado a estes fatos, mas não é neste pecado que quero dar ênfase, mas noutro: o pecado da indolência que gera também o comodismo. 
Isso significa dizer que pessoas que agem desta maneira nas coisas práticas, certamente não irão se interessar para debater temas e assuntos polêmicos. Isso porque ela não quer sair de sua "zona de conforto", seu comodismo. 

A prática da vida Cristã Católica, não é criar um "Jesus hippie", um Jesus "paz e amor e vida que segue". Não! Jesus instituiu em São Pedro uma Igreja, nela temos regras e o Espirito Santo não contradiz seu Magistério, logo, o católico que professa no Credo "Creio na Igreja Católica, na comunhão dos santos", este deve ter em mente que primeiro como já dito, o Espírito Santo não contradiz o autêntico magistério, segundo: o magistério não contradiz nem as Sagradas Escrituras nem a Tradição da Igreja e por ultimo: ao professar essa frase no credo, o católico está submetido a viver e praticar as verdades reveladas a Igreja. 

O "Católico" acomodado, ele tentará dar voltas no Magistério, Tradição e Sagradas Escrituras relativizando esses pilares da fé para teu comodismo, para não entrar em discussões. Gerando uma falsa fé, um falso amor e uma falsa humildade como nos lembra bem São Josemaria Escrivá: "Essa falsa humildade é comodismo, assim tão humildezinho, vai abandonando direitos... que são deveres". Abandonar seus deveres é uma desobediência, pois deveres são para serem feitos, assim como direitos são para serem cumpridos. Santa Faustina já nos alertara que "O diabo pode até disfarçar sobe o manto da humildade, mas jamais sobe o manto da obediência". Nisso é necessário um extremo cuidado, pois somos imagem e semelhança de Deus. Ora, se eu contorno suas leis e consequentemente as leis da Igreja, estou me assemelhando a satanás, que embora tenha sido anjo, perdeu toda sua beleza por desobediência. 

O comodismo num estado avançado, coloca as próprias Sagradas Escrituras contra elas mesmo e consequentemente coloca Cristo contra o magistério da Igreja.
A Igreja sempre combateu as heresias, inclusive convocou as Cruzadas para defender a vida do povo e o bem comum. Isso não quer dizer que a Igreja deva promover, ou tenha intenção de promover a guerra, mas acabado todos os recursos diplomáticos e de diálogos, não descarta o uso do poder ibérico, como nos mostra o Catecismo da Igreja Católica:
"Cada cidadão e cada governante deve agir de modo a evitar as guerras. Enquanto, porém, "houver perigo de guerra, sem que exista uma autoridade internacional competente e dotada de forças suficientes, e esgotados todos os meios de negociação pacífica, não poderá negar aos governos o direito de legítima defesa"1.

"É preciso considerar com rigor as condições estritas de uma legitima defesa pela força militar. A gravidade de tal decisão a submete a condições rigorosas de legitimidade moral. É preciso ao mesmo tempo que: 
- O dano infligido pelo agressor à nação ou à comunidade de nações seja durável, grave e certo;
- Todos os outros meios de pôr fim a tal dano se tenham revelado impraticáveis ou ineficazes;
- Estejam reunidas as condições sérias de êxito;
- O emprego das armas não acarrete males e desordens mais graves do que o mal a eliminar. O poderio dos meios modernos de destruição pesa muito na avaliação desta condição.
Estes são os elementos tradicionais enumerados na chamada doutrina da "guerra justa.2"

"A igreja e a razão humana declaram a validade permanente da lei moral durante os conflitos armados. "Quando, por infelicidade, a guerra já se iniciou, nem tudo se torna lícito entre as partes inimigas.3"

É do dever do Cristão, se envolver tanto nos assuntos políticos e sociais para que sejam verdadeiramente Luz no mundo e sal na Terra, não é questão de "sair comprando brigas", mas estas são consequências naturais para todo aquele que se diz católico e professa a fé. Ora, simples. Estamos neste mundo, mas não somos deste mundo. "Eles são do mundo, e o mundo lhes presta ouvido. Nós somos de Deus escuta-nos; quem não é de Deus não nos escuta. Nisto distinguimos o espírito da verdade e o espirito do erro.4". É dever de todo cristão católico estudar e transmitir os ensinamentos para que em comunhão com a Igreja todos saem em defesa comum que nada mais é que a Igreja, o Corpo de Cristo, o bem comum, a vida e a moral cristã.

Somos Igreja Militante, a Igreja que milita por Cristo sobe o estandarte da Cruz e da Virgem Imaculada.
Durante a História da Salvação vimos que a Terra Santa seria conquistada através da Guerra, o Livro de Números mostra isso, é um livro onde ocorre a contabilidade dos homens para a conquista da Terra Santa. Santa Joana D'Arc falou a celebre frase: "Só obterá a paz, na ponta da lança". E para a consumação o próprio Cristo: "Jesus continuou: 'Agora, porém, quem tiver bolsa, pegue-a; do mesmo modo, quem tiver sacola; e quem não tiver espada, venda o manto para comprar uma.'"5

Essa concepção de falso amor, falsa caridade (esta que para ser válida tem que estar na verdade) e seus frutos é bem sintetizada pelo ilustre Pe. Paulo Ricardo em sua aula sobre O Pecado da Indolência, vejamos na transcrição:

"Essa falta de energia moral de quem não quer tomar partido de Deus, nem tomar o partido do demônio, acha que ficar em cima do muro numa questão de prudência, será salvo. Ora, aqui existe um grande problema que é uma falsa concepção a respeito do amor. O amor ele tem algo de guerreiro, sim, as pessoas acham que amar é essa suprema indiferença, essa espécie de empáfia, fico ali e não me comprometo em brigas porque o amor é pacifista, mas não é isso! O amor para ser verdadeiro amor precisa odiar o mal. Sim, porque não há verdadeiro amor sem isso. Veja por exemplo o amor dos pais, o pai e uma mãe, sabe que seu amor é uma batalha. Sabe que seu amor é uma guerra, eles precisam guerrear para o bem dos seus filhos. Porque num mundo de maldade que quer desviar aqueles que mais amam, eles sabem que precisam de uma espécie de violência interior. O reino dos céus é dos violentos de Jesus, não se trata aqui de gostar da violência, trata-se de entender a verdadeira natureza do amor. Algumas pessoas dizem assim: 'Não, mas esse Deus irado, esse Deus que faz violência é do Antigo Testamento, o Novo Testamento temos um doce Jesus, um Jesus que é uma gracinha, que não condena ninguém a não ser a hipocrisia daqueles que condenam, é um Deus diferente'. Veja, isso não é a verdadeira religião católica, a verdadeira fé. Isto é um gnosticismo maniqueísta marcionita. ou seja, é um marcionismo uma separação do antigo e novo testamento que criam dois deuses e essa heresia é constante dentro da Igreja, ela vai e volta, ela é eterna, assim como são eternos os demônios danados que a criaram.6"

"Um atleta não recebe a coroa se não lutou segundo as regras." (2Tm II, 5)
"Apenas algo morto segue a correnteza, é preciso estar vivo para contraria-la." G.K Chesterton





(Texto: Lumine Fidei)

Notas:

1- Catecismo da Igreja Católica. 2308
2- Catecismo da Igreja Católica. 2309
3- Catecismo da Igreja Católica. 2312
4- I Jo IV, 5-6
5- Lc XXII, 36
6- Parresia: Pe. Paulo Ricardo - O Grave Pecado da Indolência.
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Bibliografias:

1- Catecismo da Igreja Católica
2- Bíblia Sagrada: I Carta de São João; Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas.
3- Parresia, Sobre o grave pecado da indolência.