"Educar é coisa do coração"

"Educar é coisa do coração"
"Educar é coisa do coração" São Bosco

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Por que comodismo não é catolicismo.

"Não quiseram conhecer para não terem que agir corretamente" (Sl XXXV)

Num dia de chuva ainda que tenhamos muitos afazeres a realizar, é tentador colocar um bom filme, as pernas para o alto, a pipoca no colo e então "relaxarmos". Num almoço em família ou numa festa de aniversário, é costume esperar alguém nos servir o refrigerante, o primeiro que pegar a garrafa e colocar no copo terá tantos outros copos com os braços esticados pedindo que os sirvam. Numa fila de banco, por exemplo, é comum alguém pedir para vigiar o lugar até acabar de resolver outro problema, isso para manter teu lugar reservado. Preferimos bancos acolchoados no lugar de madeira, genuflexórios acolchoados do que de madeira, cadeiras com rodinhas nos pés do que sem rodinhas nos pés. A todo momento só pensamos numa coisa: Ficarmos acomodados.

A princípio esses pequenos exemplos parecem nada, mas são reflexos de uma vida espiritual pouco desenvolvida. Como nos ensina Santo Tomás de Aquino, "a alma é o princípio intrínseco de movimento do corpo". Sendo o homem formado de corpo e alma, o corpo vai refletir o estado da alma. 

Certamente, ficar comodo dá uma sensação de relaxamento, tranquilidade, mas isso pode ser devido a uma falsa paz. Consequentemente, esse comportamento pode gerar o vício do descomprometimento com os deveres. Exemplo: Aquele aluno que tem uma prova marcada para o mês seguinte, porém, prefere pensar: "Ah, ainda tenho tempo, só hoje não terá problema não estudar. Amanhã começarei". Quando ele se dá conta, já é o dia da prova e quer antes dela estudar tudo o que deveria ter estudado ao longo deste período.  

O pecado da preguiça pode estar intimamente ligado a estes fatos, mas não é neste pecado que quero dar ênfase, mas noutro: o pecado da indolência que gera também o comodismo. 
Isso significa dizer que pessoas que agem desta maneira nas coisas práticas, certamente não irão se interessar para debater temas e assuntos polêmicos. Isso porque ela não quer sair de sua "zona de conforto", seu comodismo. 

A prática da vida Cristã Católica, não é criar um "Jesus hippie", um Jesus "paz e amor e vida que segue". Não! Jesus instituiu em São Pedro uma Igreja, nela temos regras e o Espirito Santo não contradiz seu Magistério, logo, o católico que professa no Credo "Creio na Igreja Católica, na comunhão dos santos", este deve ter em mente que primeiro como já dito, o Espírito Santo não contradiz o autêntico magistério, segundo: o magistério não contradiz nem as Sagradas Escrituras nem a Tradição da Igreja e por ultimo: ao professar essa frase no credo, o católico está submetido a viver e praticar as verdades reveladas a Igreja. 

O "Católico" acomodado, ele tentará dar voltas no Magistério, Tradição e Sagradas Escrituras relativizando esses pilares da fé para teu comodismo, para não entrar em discussões. Gerando uma falsa fé, um falso amor e uma falsa humildade como nos lembra bem São Josemaria Escrivá: "Essa falsa humildade é comodismo, assim tão humildezinho, vai abandonando direitos... que são deveres". Abandonar seus deveres é uma desobediência, pois deveres são para serem feitos, assim como direitos são para serem cumpridos. Santa Faustina já nos alertara que "O diabo pode até disfarçar sobe o manto da humildade, mas jamais sobe o manto da obediência". Nisso é necessário um extremo cuidado, pois somos imagem e semelhança de Deus. Ora, se eu contorno suas leis e consequentemente as leis da Igreja, estou me assemelhando a satanás, que embora tenha sido anjo, perdeu toda sua beleza por desobediência. 

O comodismo num estado avançado, coloca as próprias Sagradas Escrituras contra elas mesmo e consequentemente coloca Cristo contra o magistério da Igreja.
A Igreja sempre combateu as heresias, inclusive convocou as Cruzadas para defender a vida do povo e o bem comum. Isso não quer dizer que a Igreja deva promover, ou tenha intenção de promover a guerra, mas acabado todos os recursos diplomáticos e de diálogos, não descarta o uso do poder ibérico, como nos mostra o Catecismo da Igreja Católica:
"Cada cidadão e cada governante deve agir de modo a evitar as guerras. Enquanto, porém, "houver perigo de guerra, sem que exista uma autoridade internacional competente e dotada de forças suficientes, e esgotados todos os meios de negociação pacífica, não poderá negar aos governos o direito de legítima defesa"1.

"É preciso considerar com rigor as condições estritas de uma legitima defesa pela força militar. A gravidade de tal decisão a submete a condições rigorosas de legitimidade moral. É preciso ao mesmo tempo que: 
- O dano infligido pelo agressor à nação ou à comunidade de nações seja durável, grave e certo;
- Todos os outros meios de pôr fim a tal dano se tenham revelado impraticáveis ou ineficazes;
- Estejam reunidas as condições sérias de êxito;
- O emprego das armas não acarrete males e desordens mais graves do que o mal a eliminar. O poderio dos meios modernos de destruição pesa muito na avaliação desta condição.
Estes são os elementos tradicionais enumerados na chamada doutrina da "guerra justa.2"

"A igreja e a razão humana declaram a validade permanente da lei moral durante os conflitos armados. "Quando, por infelicidade, a guerra já se iniciou, nem tudo se torna lícito entre as partes inimigas.3"

É do dever do Cristão, se envolver tanto nos assuntos políticos e sociais para que sejam verdadeiramente Luz no mundo e sal na Terra, não é questão de "sair comprando brigas", mas estas são consequências naturais para todo aquele que se diz católico e professa a fé. Ora, simples. Estamos neste mundo, mas não somos deste mundo. "Eles são do mundo, e o mundo lhes presta ouvido. Nós somos de Deus escuta-nos; quem não é de Deus não nos escuta. Nisto distinguimos o espírito da verdade e o espirito do erro.4". É dever de todo cristão católico estudar e transmitir os ensinamentos para que em comunhão com a Igreja todos saem em defesa comum que nada mais é que a Igreja, o Corpo de Cristo, o bem comum, a vida e a moral cristã.

Somos Igreja Militante, a Igreja que milita por Cristo sobe o estandarte da Cruz e da Virgem Imaculada.
Durante a História da Salvação vimos que a Terra Santa seria conquistada através da Guerra, o Livro de Números mostra isso, é um livro onde ocorre a contabilidade dos homens para a conquista da Terra Santa. Santa Joana D'Arc falou a celebre frase: "Só obterá a paz, na ponta da lança". E para a consumação o próprio Cristo: "Jesus continuou: 'Agora, porém, quem tiver bolsa, pegue-a; do mesmo modo, quem tiver sacola; e quem não tiver espada, venda o manto para comprar uma.'"5

Essa concepção de falso amor, falsa caridade (esta que para ser válida tem que estar na verdade) e seus frutos é bem sintetizada pelo ilustre Pe. Paulo Ricardo em sua aula sobre O Pecado da Indolência, vejamos na transcrição:

"Essa falta de energia moral de quem não quer tomar partido de Deus, nem tomar o partido do demônio, acha que ficar em cima do muro numa questão de prudência, será salvo. Ora, aqui existe um grande problema que é uma falsa concepção a respeito do amor. O amor ele tem algo de guerreiro, sim, as pessoas acham que amar é essa suprema indiferença, essa espécie de empáfia, fico ali e não me comprometo em brigas porque o amor é pacifista, mas não é isso! O amor para ser verdadeiro amor precisa odiar o mal. Sim, porque não há verdadeiro amor sem isso. Veja por exemplo o amor dos pais, o pai e uma mãe, sabe que seu amor é uma batalha. Sabe que seu amor é uma guerra, eles precisam guerrear para o bem dos seus filhos. Porque num mundo de maldade que quer desviar aqueles que mais amam, eles sabem que precisam de uma espécie de violência interior. O reino dos céus é dos violentos de Jesus, não se trata aqui de gostar da violência, trata-se de entender a verdadeira natureza do amor. Algumas pessoas dizem assim: 'Não, mas esse Deus irado, esse Deus que faz violência é do Antigo Testamento, o Novo Testamento temos um doce Jesus, um Jesus que é uma gracinha, que não condena ninguém a não ser a hipocrisia daqueles que condenam, é um Deus diferente'. Veja, isso não é a verdadeira religião católica, a verdadeira fé. Isto é um gnosticismo maniqueísta marcionita. ou seja, é um marcionismo uma separação do antigo e novo testamento que criam dois deuses e essa heresia é constante dentro da Igreja, ela vai e volta, ela é eterna, assim como são eternos os demônios danados que a criaram.6"

"Um atleta não recebe a coroa se não lutou segundo as regras." (2Tm II, 5)
"Apenas algo morto segue a correnteza, é preciso estar vivo para contraria-la." G.K Chesterton





(Texto: Lumine Fidei)

Notas:

1- Catecismo da Igreja Católica. 2308
2- Catecismo da Igreja Católica. 2309
3- Catecismo da Igreja Católica. 2312
4- I Jo IV, 5-6
5- Lc XXII, 36
6- Parresia: Pe. Paulo Ricardo - O Grave Pecado da Indolência.
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Bibliografias:

1- Catecismo da Igreja Católica
2- Bíblia Sagrada: I Carta de São João; Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas.
3- Parresia, Sobre o grave pecado da indolência.

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