"Educar é coisa do coração"

"Educar é coisa do coração"
"Educar é coisa do coração" São Bosco

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Quais são os sinais que mostram que sou egoísta?

Dentre os pronomes encontramos: Eu, tu ,ele(a), nós, vós, eles(as), entretanto em nossa realidade deparamos os péssimos frutos do modernismo e o homem moderno tende ao egoísmo, o "eu". Mas antes, o que é o homem moderno? 

O homem moderno é aquele que está nas tendências, nas modas, nos costumes temporais. Aquele homem que tem a necessidade de ser e ter. Vale lembrar que o homem é dotado de inteligência e vontades. A vontade que vai de encontro com a inteligência e assim controla os sentidos. Deste modo, podemos entender que o egoísmo faz parte do espírito humano, ou espírito de natureza que é a inclinação para julgar, querer e agir de modo demasiado humano, segundo a natureza decaída que tende para sua vantagem pessoal, para sua própria utilidade. Assim temos o espírito do egoísmo e do individualismo.1

Então, onde podemos encontrar os sinais do egoísmo?

1) Na Soberba;

A soberba está ligada intimamente ao orgulho. Uma pessoa orgulhosa certamente é egoísta, ela pensa no seu "eu", em suas qualidades, dons, características e habilidades. Faz questão que saibam que possui tais talentos, que saibam que é bom naquilo, quer ser o centro. Certamente, essas pessoas acham que seus problemas são maiores que os demais, que suas dores são maiores ou que elas justificam qualquer ato errado que elas façam. Ainda que saibam ou tenham uma luz sobre a verdade, elas sempre irão querer colocar um "mas" sobre qualquer argumento sem analisá-lo ainda que certo ou errado. O egoísta soberbo gosta das coisas no seu tempo e da sua maneira.

2) Na Avareza;

O egoísta avarento pensa em si ao ponto de ter vários itens do mesmo gênero, por exemplo, os sapatos, ao ver uma novidade na área quer adquiri-lo, ainda que não tenha tal condição para compra-lo. Se o amigo tem, ele quer, se alguém gostou ou falou bem, ele não pensa duas vezes e já quer comprar. Este egoísta muitas vezes faz questão de ter ao ponto de negligenciar teu salário e entrar em dívidas surreais. Possui tão apego aos materiais que é um martírio abrir mão para uma doação. Ainda no exemplo dos sapatos, seria para ele mais fácil comprar mais um par que doar um par. 

3) Na Luxúria;

Uma pessoa que só pensa em si, busca acima de tudo satisfazer seus prazeres e paixões. As paixões são comoções ou movimentos violentos da alma que, se não moderados pela razão, arrastam ao vício e, muitas vezes, inclusive ao crime 2. Então o que é um vício? O vício é o hábito de fazer o mal, adquirido repetindo atos maus. 3. Quando um jovem está sofrendo as mudanças do seu corpo, corre o grande risco de cair no vício da masturbação. Ele pensando em seu prazer, em si satisfazer busca o prazer de forma desenfreada ao ponto de não achar necessária a companhia de alguém, quando encontra vive um grande problema: Ela ainda irá querer sua satisfação submetendo seu parceiro a atos em função de suas fantasias. Quando o egoísta da luxúria não consegue atingir suas vontades entra numa crise de ira ou comete a traição. Essa ideia de posse, poder sobre a pessoa, pode levar a morte por ciumes. Imaginando um casal: o casal que possui a luxúria como centro são egoístas, eles terão relações ao ponto de não querer compromissos com filhos, prazer sem responsabilidades. O egoísmo na luxúria tende a matar o amor, isso porque a pornografia mata o amor. 

4) Na Ira

O egoísta irado é aquele movido por um desapontamento mínimo que seja que desagradou suas vontades e seu ego se transforma em um monstro. Como citado acima, a morte gerada pelo ciume é uma ira do egoísmo. Qualquer ato que vá contra a vontade do egoísta, do tempo dele e maneira dele é como acender um pavio curto de uma bomba. Perde a paciência e tende a discutir sempre por pequenas coisas irrelevantes. 

5) Na Gula

O guloso é o egoísta que vai dividir a pizza já visando o maior pedaço para si. Ele vai pegar o ultimo biscoito do pacote, a ultima fatia do tabuleiro. Aquele que já satisfeito, ao ver algo que sabe que é de teu sabor, do teu agrado da a famosa "beliscada". Isso pode gerar o excesso e assim comprometer sua saúde, seja por comida ou bebidas. A gula pode ser tão forte que ainda com a saúde prejudicada, ele negligencia e continua a comer ou a beber.

6) Na Inveja

O egoísta invejoso é aquele que pensa tanto em si que vive numa comparação no qual ao ver alguma virtude em alguém ou um bem sente o prazer em ter para si, de ser igual ou se sentir superior e se indagar: "porque ele(a) tem e eu não?". O invejoso é capaz de querer se assemelhar tanto ao outro ao ponto de perder sua própria identidade. Pela desobediência a Deus e inveja ao homem, satanás foi lançado para fora do paraíso.

7) Na Preguiça

O preguiçoso é aquele que pensa tanto em si que se torna tão egoísta que cria uma cultura de "empurrar tudo com a barriga" deixar tudo para depois. Aqueles cinco minutos amais na cama que compromete no trabalho, aquele que vê a data da sua prova distante e acha que menos um dia de estudo não o comprometerá. O preguiçoso tem preguiça inclusive para rezar e buscar meios de direções espirituais, discutir temas importantes e ou ter pré disposição para aprender. É aquele que faz faz o sinal da cruz antes de dormir, diz: "Senhor, tu sabes de tudo", encerra a "oração", vira pro canto e dorme. 

Então, apresentado o egoísta nos pecados capitais, como vencer? A Igreja nos mostra como soluções para vencer a inclinação para o pecado, as virtudes, mas o que e quais são elas?

"O que é a virtude moral?
A virtude moral é o hábito de fazer o bem, adquirido repetindo atos bons.4"

Ética vem do grego - Ethos que significa caráter, que também tem um outro significado nesta mesma origem que é - Nta que significa costumes. O objetivo da ética é a formação do caráter pelas virtudes, logo, a ética é a ciência do caráter. 5
Por isso que muitos ainda sem entender a essência do que é uma virtude consegue perceber em alguém e dizer: "olha, aquele cara possui um bom caráter", mas como ela sabe o que é um bom caráter ou não? A Igreja sabiamente nos aponta sete virtudes que nos mostram os pontos de orientação, como os pontos cardeais que dão rumos, logo são chamadas de virtudes cardeais, são elas: prudência, justiça, fortaleza e temperança. Vejamos então o que são essas virtudes:

"A prudência é a virtude que dirige os atos ao devido fim, e faz discernir e usar os meios bons.6"
"A justiça é a virtude que faz dar a cada um o que lhe é devido.7"
"A fortaleza é a virtude que faz afrontar sem temeridade e sem timidez qualquer dificuldade ou perigo, e inclusive a morte, pelo serviço de Deus e pelo bem do próximo.8"
"A temperança é a virtude que refreia as paixões e os desejos, especialmente os sensuais, e modera o uso dos bens sensíveis.9"

Essas são as virtudes cardeais as quais sem elas não poderão desenvolver as três virtudes teologais, teologais porque necessitamos da ajuda divina para obtê-las. São elas: Fé, esperança e caridade. Mas primeiro vejamos o que são as virtudes teologais:

A virtude é a constante disposição da alma para fazer o bem.10"

Para alcançarmos as virtudes teologais é necessário a prática das virtudes cardeais. Dificilmente alguém poderá falar de Fé e Caridade sem prudência e temperança. 

Sendo assim,

"A fé é a virtude sobrenatural pela qual cremos, sob a autoridade de Deus, o que Ele revelou e nos propõe a crer por meio da Igreja.11"

"A esperança é a virtude sobrenatural pela qual confiamos em Deus e dEle esperamos a vida eterna e as graças necessárias para merece-la aqui embaixo com as boas obras.12"

"A caridade é a virtude sobrenatural pela qual amamos Deus por Si mesmo sobre todas as coisas, e o próximo como a nós mesmos por amor a Deus.13"

Assim, com o desenvolvimento das virtudes podemos entender a seguinte passagem: "Eu vivo, mas não eu: é Cristo que vive em mim. Minha atual na carne, eu a vivo na fé, crendo no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim." Gl II, 20




(Texto, revisão e formatação: Lumine Fidei)

Notas:

1- Garrigou-Lagrange, Discernimento dos Espíritos.
2- Catecismo da Doutrina Cristã, São Pio X, cap. III, n. 259
3- Catecismo da Doutrina Cristão, São Pio X, cap. III, n. 260
4- Catecismo da Doutrina Cristão, São Pio X, cap. III, n. 252
5- Contra Impugnantes, Psicologia de la templanza.
6- Catecismo da Doutrina Cristão, São Pio X, cap. III, n. 255
7- Catecismo da Doutrina Cristão, São Pio X, cap. III, n. 256
8- Catecismo da Doutrina Cristão, São Pio X, cap. III, n. 257
9- Catecismo da Doutrina Cristão, São Pio X, cap. III, n. 258
10- Catecismo da Doutrina Cristão, São Pio X, cap. III, n. 227
11- Catecismo da Doutrina Cristão, São Pio X, cap. III, n. 232
12- Catecismo da Doutrina Cristão, São Pio X, cap. III, n. 238
13- Catecismo da Doutrina Cristão, São Pio X, cap. III, n. 240

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Bibliografia:

1) Garrigou-Lagrange, Discernimento dos Espíritos
2) Catecismo da Doutrina Cristã, São Pio X
3) Contra Impugnantes, Psicologia de la templanza: http://contraimpugnantes.com/

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Por que comodismo não é catolicismo.

"Não quiseram conhecer para não terem que agir corretamente" (Sl XXXV)

Num dia de chuva ainda que tenhamos muitos afazeres a realizar, é tentador colocar um bom filme, as pernas para o alto, a pipoca no colo e então "relaxarmos". Num almoço em família ou numa festa de aniversário, é costume esperar alguém nos servir o refrigerante, o primeiro que pegar a garrafa e colocar no copo terá tantos outros copos com os braços esticados pedindo que os sirvam. Numa fila de banco, por exemplo, é comum alguém pedir para vigiar o lugar até acabar de resolver outro problema, isso para manter teu lugar reservado. Preferimos bancos acolchoados no lugar de madeira, genuflexórios acolchoados do que de madeira, cadeiras com rodinhas nos pés do que sem rodinhas nos pés. A todo momento só pensamos numa coisa: Ficarmos acomodados.

A princípio esses pequenos exemplos parecem nada, mas são reflexos de uma vida espiritual pouco desenvolvida. Como nos ensina Santo Tomás de Aquino, "a alma é o princípio intrínseco de movimento do corpo". Sendo o homem formado de corpo e alma, o corpo vai refletir o estado da alma. 

Certamente, ficar comodo dá uma sensação de relaxamento, tranquilidade, mas isso pode ser devido a uma falsa paz. Consequentemente, esse comportamento pode gerar o vício do descomprometimento com os deveres. Exemplo: Aquele aluno que tem uma prova marcada para o mês seguinte, porém, prefere pensar: "Ah, ainda tenho tempo, só hoje não terá problema não estudar. Amanhã começarei". Quando ele se dá conta, já é o dia da prova e quer antes dela estudar tudo o que deveria ter estudado ao longo deste período.  

O pecado da preguiça pode estar intimamente ligado a estes fatos, mas não é neste pecado que quero dar ênfase, mas noutro: o pecado da indolência que gera também o comodismo. 
Isso significa dizer que pessoas que agem desta maneira nas coisas práticas, certamente não irão se interessar para debater temas e assuntos polêmicos. Isso porque ela não quer sair de sua "zona de conforto", seu comodismo. 

A prática da vida Cristã Católica, não é criar um "Jesus hippie", um Jesus "paz e amor e vida que segue". Não! Jesus instituiu em São Pedro uma Igreja, nela temos regras e o Espirito Santo não contradiz seu Magistério, logo, o católico que professa no Credo "Creio na Igreja Católica, na comunhão dos santos", este deve ter em mente que primeiro como já dito, o Espírito Santo não contradiz o autêntico magistério, segundo: o magistério não contradiz nem as Sagradas Escrituras nem a Tradição da Igreja e por ultimo: ao professar essa frase no credo, o católico está submetido a viver e praticar as verdades reveladas a Igreja. 

O "Católico" acomodado, ele tentará dar voltas no Magistério, Tradição e Sagradas Escrituras relativizando esses pilares da fé para teu comodismo, para não entrar em discussões. Gerando uma falsa fé, um falso amor e uma falsa humildade como nos lembra bem São Josemaria Escrivá: "Essa falsa humildade é comodismo, assim tão humildezinho, vai abandonando direitos... que são deveres". Abandonar seus deveres é uma desobediência, pois deveres são para serem feitos, assim como direitos são para serem cumpridos. Santa Faustina já nos alertara que "O diabo pode até disfarçar sobe o manto da humildade, mas jamais sobe o manto da obediência". Nisso é necessário um extremo cuidado, pois somos imagem e semelhança de Deus. Ora, se eu contorno suas leis e consequentemente as leis da Igreja, estou me assemelhando a satanás, que embora tenha sido anjo, perdeu toda sua beleza por desobediência. 

O comodismo num estado avançado, coloca as próprias Sagradas Escrituras contra elas mesmo e consequentemente coloca Cristo contra o magistério da Igreja.
A Igreja sempre combateu as heresias, inclusive convocou as Cruzadas para defender a vida do povo e o bem comum. Isso não quer dizer que a Igreja deva promover, ou tenha intenção de promover a guerra, mas acabado todos os recursos diplomáticos e de diálogos, não descarta o uso do poder ibérico, como nos mostra o Catecismo da Igreja Católica:
"Cada cidadão e cada governante deve agir de modo a evitar as guerras. Enquanto, porém, "houver perigo de guerra, sem que exista uma autoridade internacional competente e dotada de forças suficientes, e esgotados todos os meios de negociação pacífica, não poderá negar aos governos o direito de legítima defesa"1.

"É preciso considerar com rigor as condições estritas de uma legitima defesa pela força militar. A gravidade de tal decisão a submete a condições rigorosas de legitimidade moral. É preciso ao mesmo tempo que: 
- O dano infligido pelo agressor à nação ou à comunidade de nações seja durável, grave e certo;
- Todos os outros meios de pôr fim a tal dano se tenham revelado impraticáveis ou ineficazes;
- Estejam reunidas as condições sérias de êxito;
- O emprego das armas não acarrete males e desordens mais graves do que o mal a eliminar. O poderio dos meios modernos de destruição pesa muito na avaliação desta condição.
Estes são os elementos tradicionais enumerados na chamada doutrina da "guerra justa.2"

"A igreja e a razão humana declaram a validade permanente da lei moral durante os conflitos armados. "Quando, por infelicidade, a guerra já se iniciou, nem tudo se torna lícito entre as partes inimigas.3"

É do dever do Cristão, se envolver tanto nos assuntos políticos e sociais para que sejam verdadeiramente Luz no mundo e sal na Terra, não é questão de "sair comprando brigas", mas estas são consequências naturais para todo aquele que se diz católico e professa a fé. Ora, simples. Estamos neste mundo, mas não somos deste mundo. "Eles são do mundo, e o mundo lhes presta ouvido. Nós somos de Deus escuta-nos; quem não é de Deus não nos escuta. Nisto distinguimos o espírito da verdade e o espirito do erro.4". É dever de todo cristão católico estudar e transmitir os ensinamentos para que em comunhão com a Igreja todos saem em defesa comum que nada mais é que a Igreja, o Corpo de Cristo, o bem comum, a vida e a moral cristã.

Somos Igreja Militante, a Igreja que milita por Cristo sobe o estandarte da Cruz e da Virgem Imaculada.
Durante a História da Salvação vimos que a Terra Santa seria conquistada através da Guerra, o Livro de Números mostra isso, é um livro onde ocorre a contabilidade dos homens para a conquista da Terra Santa. Santa Joana D'Arc falou a celebre frase: "Só obterá a paz, na ponta da lança". E para a consumação o próprio Cristo: "Jesus continuou: 'Agora, porém, quem tiver bolsa, pegue-a; do mesmo modo, quem tiver sacola; e quem não tiver espada, venda o manto para comprar uma.'"5

Essa concepção de falso amor, falsa caridade (esta que para ser válida tem que estar na verdade) e seus frutos é bem sintetizada pelo ilustre Pe. Paulo Ricardo em sua aula sobre O Pecado da Indolência, vejamos na transcrição:

"Essa falta de energia moral de quem não quer tomar partido de Deus, nem tomar o partido do demônio, acha que ficar em cima do muro numa questão de prudência, será salvo. Ora, aqui existe um grande problema que é uma falsa concepção a respeito do amor. O amor ele tem algo de guerreiro, sim, as pessoas acham que amar é essa suprema indiferença, essa espécie de empáfia, fico ali e não me comprometo em brigas porque o amor é pacifista, mas não é isso! O amor para ser verdadeiro amor precisa odiar o mal. Sim, porque não há verdadeiro amor sem isso. Veja por exemplo o amor dos pais, o pai e uma mãe, sabe que seu amor é uma batalha. Sabe que seu amor é uma guerra, eles precisam guerrear para o bem dos seus filhos. Porque num mundo de maldade que quer desviar aqueles que mais amam, eles sabem que precisam de uma espécie de violência interior. O reino dos céus é dos violentos de Jesus, não se trata aqui de gostar da violência, trata-se de entender a verdadeira natureza do amor. Algumas pessoas dizem assim: 'Não, mas esse Deus irado, esse Deus que faz violência é do Antigo Testamento, o Novo Testamento temos um doce Jesus, um Jesus que é uma gracinha, que não condena ninguém a não ser a hipocrisia daqueles que condenam, é um Deus diferente'. Veja, isso não é a verdadeira religião católica, a verdadeira fé. Isto é um gnosticismo maniqueísta marcionita. ou seja, é um marcionismo uma separação do antigo e novo testamento que criam dois deuses e essa heresia é constante dentro da Igreja, ela vai e volta, ela é eterna, assim como são eternos os demônios danados que a criaram.6"

"Um atleta não recebe a coroa se não lutou segundo as regras." (2Tm II, 5)
"Apenas algo morto segue a correnteza, é preciso estar vivo para contraria-la." G.K Chesterton





(Texto: Lumine Fidei)

Notas:

1- Catecismo da Igreja Católica. 2308
2- Catecismo da Igreja Católica. 2309
3- Catecismo da Igreja Católica. 2312
4- I Jo IV, 5-6
5- Lc XXII, 36
6- Parresia: Pe. Paulo Ricardo - O Grave Pecado da Indolência.
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Bibliografias:

1- Catecismo da Igreja Católica
2- Bíblia Sagrada: I Carta de São João; Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas.
3- Parresia, Sobre o grave pecado da indolência.

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

O que não é música litúrgica.

Para tratarmos sobre o porque nem todas as músicas serem litúrgicas, vejamos uma breve frase que sintetiza bem o que é a liturgia:

"A Liturgia é uma ação sagrada, com ritos, na Igreja e pela Igreja, pela qual se realiza e se prolonga a obra sacerdotal de Cristo, para a santificação dos homens e a glorificação de Deus.1"

Então a partir daí podemos ter uma breve conclusão de imediato: Liturgia é um Rito Divino. Logo, se é Divino é de Deus, sendo Ele o centro, a partir do momento em que o homem assume esse lugar no rito, este não se torna mais divino e se resume em algo mais antropológico, voltado para o homem, o homem no centro.

E o que leva o homem assumir a postura de ser o centro do rito?

Primeiro tenhamos em mente que o homem é dotado de inteligência e vontade, pois é o que o torna racional. Entretanto, existe mais um vetor que entra na história que são suas paixões que nada mais são que as comoções ou movimentos violentos da alma que, se não são moderadas pela razão, arrastam ao vício e, muitas vezes, inclusive ao crime.2
Isso é devido a sua falta de referência do que é sagrado, o que se celebra e o que se deve seguir. Após o Concílio Vaticano II, foi pedido para que os Crucifixos Maiores fosses colocados no centro da Igreja para mostrar que Cristo é o Centro, porém, alguns sacerdotes (que também são homens), ao ficar agora de costas para cruz parecem que perdem totalmente o referencial e, agora o que ele olha diante de si são apenas mais homens. Os mesmos que possuem tanto vícios como virtudes. Agora esse padre tem esses outros homens (assembléia) como primeira referência visual e, isso pode acarretar em alguns crimes litúrgicos. O primeiro dele já começa com o consentimento do pensamento em que a Santa Missa deve agradar ao homem por meio de suas reações sentimentais, positivas ou negativas. Aí é onde mora o perigo, a cultura do: "Precisamos de uma missa alegre, a missa do povo". Quando esse pensamento cria raízes, agora a missa não tem como o principal objetivo ser celebrada e sim ser "sentida", uma missa para ser boa "eu tenho que sentir", a partir daí cria a mentalidade: "vamos à missa de padre fulano, lá é animada, ele tem a unção."

Onde que entra a música nisto?

Muito simples, nessa época moderna em que vivemos, muitos templos já não possuem mais aquela arquitetura contemplativa que nos remetia a algo ou uma inspiração divina como nas antigas Igrejas. Logo, torna mais exigente da música trazer até a assembléia essa espiritualidade.
Quantas vezes por exemplo estamos na Santa Missa e com o pensamento em qualquer outra coisa ou em qualquer outro lugar? Como conseguimos desprender nossa atenção assim tão facilmente de algo que a princípio seria divino?

Para estas perguntas tenhamos alguns artigos em mente, o seguinte ensinamento do Motu Proprio de São Pio X sobre música sacra:

"Entre os cuidados do ofício pastoral, não somente desta Suprema Cátedra, que por imperscrutável disposição da Providência, ainda que indigno, ocupamos, mas também de todas as Igrejas particulares, é, sem dúvida, um dos principais o de manter e promover o decoro da Casa de Deus, onde se celebram os augustos mistérios da religião e o povo cristão se reúne, para receber a graça dos Sacramentos, assistir ao Santo Sacrifício do altar, adorar o augustíssimo Sacramento do Corpo do Senhor e unir-se à oração comum da Igreja na celebração pública e solene dos ofícios litúrgicos[...].
Nada, pois, deve suceder no templo que perturbe ou, sequer, diminua a piedade e a devoção das fiéis, nada que dê justificado motivo de desgosto ou de escândalo, nada, sobretudo, que diretamente ofenda o decoro e a santidade das sacras funções e seja por isso indigno da Casa de Oração e da majestade de Deus[...]."
E por isso, de própria iniciativa e ciência certa, publicamos a Nossa presente instrução; será ela como que um código jurídico de Música Sacra; e, em virtude da plenitude de Nossa Autoridade Apostólica, queremos que se lhe dê força de lei, impondo a todos, por este Nosso quirógrafo, a sua mais escrupulosa observância.3"

Aqui temos a colocação do Papa São Pio X sobre a grande influência da música sacra para as práticas de piedades e contemplação na santa missa, esta que não deve tirar a atenção dos fiéis nem perturbar a devoção, dando a Igreja a unidade pelo canto gregoriano como também relembrado pelo Papa Bento XVI ao dizer que o canto gregoriano representava a unidade da Igreja.

O mesmo vem nos lembrar o Concílio Vaticano II, ou ao menos numa tentativa de trazer na proposta na constituição dogmática sobre a sagrada liturgia, Sacrosanctum Concilium que diz: "O Igreja reconhece o canto gregoriano como próprio da liturgia romana. Por isso, na ação litúrgica, tem, indiscutivelmente, prioridade sobre todos os outros.4"
E também nos artigos anteriores: "Não se abandone porém completamente a recitação ou o canto em latim, das partes do ordinário da missa que competem aos fiéis.5"
Inclusive o próprio documento atenta para a formação de coros: "O tesouro que representa a música sacra deve ser conservado e desenvolvido com o maior carinho. Promova-se a formação de coros, especialmente junto às catedrais. Os bispos e demais pastores procurem fazer com que os fiéis, no papel que lhes cabe, participem ativamente de todas as celebrações litúrgicas, de acordo com o estabelecimento nos artigos 28 e 30.6"

São Pio X sintetiza bem como não fugir da liturgia quando trata dos gêneros de Música Sacra: " Por tais motivos, o canto gregoriano foi sempre considerado como o modelo supremo da música sacra, podendo com razão estabelecer-se a seguinte lei geral: uma composição religiosa será tanto mais sacra e litúrgica quanto mais se aproxima no andamento, inspiração e sabor da melodia gregoriana, e será tanto menos digna do templo quanto mais se afastar daquele modelo supremo.7" Ou seja, na medida em que a música for se afastando muito do canto gregoriano, querendo promover apenas um clima de "alegria e festa" não estamos mais falando do rito divino e sim do homem.

Então o que abriu espaço para os erros e músicas do gênero que encontramos hoje em nossas paróquias?

A abertura pode ter sido a uma possível ambigüidade nas definições sobre os cânticos religiosos populares:

"Os cânticos populares religiosos devem ser cultivados, de modo que nas manifestações de piedade, e mesmo nas ações litúrgicas, de acordo com as normas e exigências rituais, se possa ouvir a voz do povo.8"

Aqui podemos fazer uma ponto com um aspecto do início do nosso texto, o fato da missa ser "sentida", possivelmente, muitos músicos e leigos podem confundir manifestações de piedade com sentimentalismo, fazendo com que músicas que apenas falam de Deus, mas não coincidem com o tempo litúrgico e o Evangelho adentrem na liturgia. Logo, isso ajuda a entender o porque em muitas paróquias cantam "Romaria", "Sou caipira, pira pora Nossa Senhora de Aparecida...", "Nossa Senhora me de a mão, cuida do meu coração, da minha vida, do meu destino, do meu caminho, cuida de mim."

Outro grande equívoco pode ser dado a partir da má interpretação sobre a música sacra nas missões e com isso devido a miscigenação e do sincretismo, ganha espaço na santa missa: "Em muitas regiões, especialmente nas missões, o povo tem uma tradição musical própria, que desempenha um papel relevante, tanto na sua vida social como religiosa. É preciso lhe dar a devida importância e um lugar de destaque no culto, tanto para favorecer o desenvolvimento de sua religiosidade, como para que o culto esteja realmente ajustado à sua realidade, de acordo com o espírito do artigos 39 e 40. Por isso, na educação musical dos missionários, faça-se o possível para que sejam capazes de assumir a tradição musical do povo, tanto nas escolas como nas celebrações religiosas.9". Sobre este ponto é necessário uma exigência muito forte para não cair no que Bento XVI chamava de hermenêutica da ruptura, ou seja, se levarmos ao pé da letra exatamente como está escrito, tal artigo justificaria o porque dos tambores, guitarras, baterias, piano (sem função de órgão) entre outros instrumentos condenados por São Pio X que distorcem a espiritualidade divina que deveria está toda assembléia submetida. Por exemplo, se a cultura da Bahia possui um forte sincretismo entre o espiritismo e o catolicismo, seria ideal tocar tambor na missa devido a esta cultura local? Nesse momento devemos ter bastante enraizado que missa é a celebração do Sacrifício do Calvário.10.

Assim, podemos concluir que para melhor formação litúrgica quanto a música, vale a exigência de São Pio X: "Tenha-se o cuidado de restabelecer, ao menos nas igrejas principais, as antigas Scholae Cantorum, como se há feito já, com ótimo fruto, em muitos lugares. Não é difícil, ao clero zeloso, instituir tais Scholae, mesmo nas igrejas de menor importância, e até encontrará nelas um meio fácil para reunir em volta de si os meninos e os adultos, com proveito para eles e edificação do povo. Procure-se sustentar e promover, do melhor modo, as escolas superiores de música sacra, onde já existem, e concorrer para as fundar, onde as não há. É sumamente importante que a mesma igreja atenda à instrução dos seus mestres de música, organistas e cantores, segundo os verdadeiros princípios da arte sacra. 11" e a formação inicial colocada no início deste texto conforme o número 116 da constituição da Sacrosanctum Concilium.

Sendo assim, podemos concluir que são ilícitos:
- Todo instrumento que perturbe a piedade e devoção dos ritos
-  Sendo a Santa Missa, o Sacrifício do Calvário, não é permitido as palmas tendo em vista a preservação e contemplação maior que é o rito em si que gira todo em torno do Sacrifício do Calvário.
- Músicas populares de artistas que não possuem vida espiritual madura e ou que se pronunciam contrárias a fé da Igreja, na tradição, sagradas escrituras e no seu magistério.
- Músicas que possuem letras profanas.
- Músicas que alteram o texto e que se coloquem "refrões".
- Músicas com grande introdução e ou demoram a serem finalizadas, tornando então o sacerdote e a missa dependentes do tempo da música.
- Músicas fora do tempo litúrgico e que não condizem com o Evangelho proposto no dia.





(Texto: Equipe Lumine Fidei)

Notas:
1- (cf. SC,7)"
2- (Catecismo da Doutrina Cristã, São Pio X, Cap. III, n. 259)
3- (Motu Proprio, Tra le Sollecitudini, São Pio X, Introdução)
4- (CVII, Const. Sobre a Liturgia, Sacrosanctum Concilium, n. 116)
5- (CVII, Const. Sobre a Liturgia, Sacrosanctum Concilium, n. 54)
6- (CVII, Const. Sobre a Liturgia, Sacrosanctum Concilium, n. 114)
7-  (Motu Proprio, Tra le Sollecitudini, São Pio X, Gênero de Música Sacra, n.3)
8- (CVII, Const. Sobre a Liturgia, Sacrosanctum Concilium, n. 118)
9- (CVII, Const. Sobre a Liturgia, Sacrosanctum Concilium, n. 119)
10- (Catecismo da Doutrina Cristã, São Pio X, Cap. V. n. 652)
11- (Motu Proprio, Tra le Sollecitudini, São Pio X, VIII, n. 27,28)

Bibliografias:

1) Catecismo da Doutrina Cristã, São Pio X.
2) Motu Proprio, Tra le Sollecitudini, São Pio X sobre Música Sacra.

3) Concílio Ecumênico Vaticano II, Constituição Dogmática Sacrosanctum Concilium sobre a sagrada liturgia.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

São Carlos Borromeu: dos Catequistas, da Contra Reforma, de Trento e dos Enfermos.

Desde pequeno com a virtude do temor de Deus, Carlos Borromeu, nascido no dia 4 de Outubro de 1538, já mostrava seus indícios a vocação sacerdotal. Muito piedoso, construía pequenos altares, chamava seus amigos e irmãos para uma santa brincadeira: imitar os gestos dos sacerdotes.

Aos 21 anos se torna doutor em Direito Civis e Eclesiásticos  pela Universidade de Milão. Em 1562 é ordenado a sacerdote, depois bispo e nomeado pelo teu tio, o Papa Pio IV, se torna também Secretário do Estado.
Teve uma participação muito importante para reorganizar a Igreja, cujo seus escritos foram consultados por diversos Bispos para organizarem seus seminários. Ele foi grande colaborador para o encerramento do Concílio de Trento, trabalhando fielmente e arduamente na Contra-Reforma Católica além da reforma da arquidiocese de Milão.  

Conforme dito, sua grande participação foi trabalhar na conclusão do Concílio de Trento, que fora interrompido. Como não pode participar dele, dedicou-se as Atas do Catecismo Romano, conforme o solicitado do Concílio e do Breviário, trabalhou na resolução da assembléia conciliar no que diz a respeito da reforma do Clero. Neste momento entra a participação de um outro grande santo da Igreja, São Felipe Néri. Assim, colaborando para a reforma da música sacra decretada pelo Concílio.

Quando a fome e a peste invadiram Milão em 1576, se desfez de seus bens herdados pela família em prol dos necessitados, buscava pela caridade se aproximar dos pobres e enfermos, doando sua vida para cuidá-los e ministrar os devidos sacramentos.
Chegada a doença em 1584, ao se retirar para seus estudos e meditações espirituais, começou a ter grandes febres quando dizia: "um bom pastor de almas, deve saber suportar três febres, antes de se meter na cama". Ao receber os santos sacramento, expira no dia 3 de Novembro de 1584, aos 46 anos. Suas ultimas palavras foram: "Eis Senhor, eu venho, vou já." Foi canonizado em 1610 pelo Papa Paulo V, cuja a festa litúrgica celebramos no dia 4 de Novembro.

Foram inúmeras as obras de São Carlos: 

- Estabeleceu uma ordem edificante na catedral de Milão;
- A devoção dos eclesiásticos;
- A Magnificência dos ornamentos;
- O esplendor das cerimônias formavam um conjunto do mais tocante efeito;
- Fundou um colégio de nobres;
- Estabeleceu em Milão os padres teatinos;
- Recebeu os padres da Companhia de Jesus;
- Fundou também uma congregação de sacerdotes sem votos (padres oblatos de Santo Ambrósio;
- Fundou 740 escolas de catecismo com 3.000 catequistas e 40.000 alunos.
- Fundou 6 seminários para formar sacerdotes com seus regulamentos bem estruturados que conforme mencionado acima no texto; consultado por diversos bispos.

"Somos todos fracos, confesso, mas o Senhor Deus nos entregou meios com que, se quisermos, poderemos ser fortalecidos com facilidade. Tal sacerdote desejaria possuir uma vida íntegra, que dele é exigida, ser continente e ter um comportamento angélico, como convém, mas não se resolve a empregar estes meios: jejuar, orar, fugir das más conversas e de nocivas e perigosas familiaridades. Queixa-se de que, ao entrar no coro para a salmodia, ao dirigir-se para celebrar a missa, logo mil pensamentos lhe assaltam a mente e o distraem de Deus. Mas, antes de ir ao coro ou à missa, que fez na sacristia, como se preparou, que meios escolheu e empregou para fixar a atenção?" (São Carlos Borromeu, de um sermão proferido num Sínodo)1







(texto, formatação e revisão: Lumine Fidei)

Nota:

Postagem publicada na Rede Social por pe. Anderson Batista.

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- Bibliografia:

1) São Carlos Borromeo - Aci digital: http://www.acidigital.com/santos/santo.php?n=134
2) São Carlos Borromeo, Arquétipo de Bispo católico, catolicismo.com.br: http://catolicismo.com.br/materia/materia.cfm?idmat=489C1BB5-E681-0BD7-F482552BE5ECF2C9&mes=Novembro2005
3) São Carlos Borromeo, Santo do Dia, canção nova: http://santo.cancaonova.com/santo/sao-carlos-borromeu/

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Finados - Por que a Igreja não celebra a morte.

A Igreja ela não celebra a morte, justamente porque Cristo venceu a morte e a Igreja, sendo Teu Corpo, celebra a vida e a comunhão dos Santos, seja a Igreja militante, ao qual pertencemos; a triunfante, onde estão os santos junto a Deus no paraíso e a Igreja padecente, onde estão as almas que padecem no purgatório ao qual trataremos aqui.

Antes de adentrarmos então sobre a prática de rezar pelos nossos falecidos, vejo necessário uma explicação sobre o que é o purgatório. Vejamos:

Diferente dos Protestantes, a Igreja católica acredita na santidade, ou seja, buscar sempre se redimir de nossos pecados até que a medida que nos purificamos vamos alcançando os degraus da santidade. O melhor caminho para essa purificação aqui na Terra é o Sacramento da Confissão. O próprio Cristo quem instituiu o sacramento: "Recebei o Espírito Santo, a quem perdoardes os pecados eles serão perdoados, a quem os retiverdes serão retidos."1.Muito diferente dos protestantes que seguem o ensinamento deixado por Lutero: "Seja um pecador e peques fortemente, mas creia e se alegre em Cristo mais fortemente ainda". Por fim, eles não acreditam nos sacramentos.

Porém, toda confissão encerra numa penitência, esta que serve justamente para educar a alma pecadora e corrompida do homem. A penitência é na verdade mais uma prova de amor da misericórdia de Deus, visto que: Sacramento é um sinal sensível da Graça de Deus, ou seja, quando Ele se inclina para tocar o pecador e dar a oportunidade de um recomeço. A penitência fortifica a vida de Santidade. Entretanto, o mal cometido gera uma punição, pois a misericórdia vem com a justiça e está tem base na verdade para que seja justa. Sendo assim, a penitência é para a educação do Cristão e a punição por tais pecados, se não pagas aqui na Terra, serão pagas no Purgatório.
Devido a então chamada Reforma Protestante, alguns teólogos começam a afirmar que isso seria uma lenda, uma forma de colocar medo, porém, o purgatório já é um Dogma da Igreja desde os Concílios de Florença e Trento.2 Além da Tradição Apostólica, podemos encontrar o purgatório nas Sagradas Escrituras, obviamente a palavra purgatório propriamente dita não encontraremos, porém há passagens no qual remete ao local purgativo, ou seja, um local de expulsar impurezas, purificar e pagamento das dívidas: "Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás em caminho com ele, para que não suceda que te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao seu ministro e sejas posto em prisão. Em verdade te digo: dali não sairás antes de teres pago o último centavo."3; "Ora, quando fores com o teu adversário ao magistrado, faze o possível para entrar em acordo com ele pelo caminho, a fim de que ele te não arraste ao juiz, e o juiz te entregue ao executor, e o executor te ponha na prisão. Digo-te: não sairás dali, até pagares o último centavo."4.

Como na postagem anterior sobre Dia de Todos os Santos 5(para quem não leu, recomendo devido a explicação do que consiste a comunhão dos santos), cito novamente que "nem a morte nos separará do amor de Cristo 6". E, como nós Católicos professamos a fé apostólica, no credo rezamos: Confiteor unum baptisma in remissiónem peccatorum. Et expecto resurrectionem mortuorum - Confesso um só batismo para remissão dos pecados. Espero a ressurreição dos mortos. 

Com base nisso fica muito mais fácil entendermos o porque das orações aos fiéis defuntos e as almas do purgatório, uma prática presente desde os Judeus no Antigo Testamento, que por sinal, num livro negado por Lutero na Bíblia Protestante: "No dia seguinte, Judas e seus companheiros foram tirar os corpos dos mortos, como era necessário, para depô-los na sepultura ao lado de seus pais. Ora, sob a túnica de cada um encontraram objetos consagrados aos ídolos de Jâmnia, proibidos aos judeus pela Lei: todos, pois, reconheceram que fora esta a causa de sua morte. Bendisseram, pois, a mão do justo juiz, o senhor, que faz aparecer as coisas ocultas, e puseram-se em oração, para implorar-lhe o perdão completo do pecado cometido. O nobre Judas falou à multidão, exortando-a a evitar qualquer transgressão, ao ver diante dos olhos o mal que havia sucedido aos que foram mortos por causa dos pecados. Em seguida, organizou uma coleta, enviando a Jerusalém cerca de dez mil dracmas para que se oferecesse um sacrifício pelos pecados. Belo e santo modo de agir, decorrente de sua crença na ressurreição! Pois, se ele não julgasse que os mortos ressuscitariam, teria sido em vão e supérfluo rezar por eles. Mas, se ele acreditava que uma belíssima recompensa aguarda os que morrem piedosamente, era esse um bom e religioso pensamento. Eis por que ele pediu um sacrifício expiatório para que os mortos fossem livres de suas faltas."7

O cemitério é justamente uma criação Cristã Católica afins de cuidar e zelar pelos corpos dos nossos falecidos, justamente por acreditarmos nesta Ressurreição em Cristo. A antiga necrópole ganha nome de cemitério, local de paz e ressurreição.

Recebe indulgências plenárias e ajuda uma alma no purgatório a entrar na plenitude da graça, no período de 1 de Novembro até o dia 8, o Católico que:
- Confessar e comungar sacramentalmente.
- Rezar nas intenções do Santo Padre, o Papa.
- Visitar o cemitério e rezar o Pater Noster (Pai Nosso) e o Credo ou visitar PIEDOSAMENTE uma Igreja fazendo as orações recomendadas. 






(Texto: Vitor Ferreira)




Notas:
1- Jo XX, 22-23
2- Catecismo da Igreja Católica, 1030; Concílio de Florença, Decr. pro. Graecis: DS 1304; Concílio de Trento, Sessão 25ª, Decretum de purgatório: DS 1820: Sess. 6ª. Decr. de iustificatione, canon 30: DS 1580
3- Mt V, 25-26
4- Lc XII, 58-59
5- Lumine Fidei - Dia de todos os santos, por que essa comunhão não é uma mentira.
6- Rm VIII, 35
7- 2 Mac XII, 39-46

Bibliografia:

1) Evangelho Segundo São João.
2) Evangelho Segundo São Mateus.
3) Evangelho Segundo São Lucas
4) Romanos
5) 2 Livro de Macabeus
6)Catecimo da Igreja Católica
7) Padre Paulo Ricardo - O Purgatório. https://padrepauloricardo.org/episodios/o-purgatorio-e-uma-invencao-medieval
8) Lumine Fidei - Dia de Todos os Santos - Por que essa comunhão não é uma mentira. http://luminefidei.blogspot.com.br/2015/11/dia-de-todos-os-santos-por-que-essa.html

domingo, 1 de novembro de 2015

Dia de Todos os Santos - Por que essa comunhão não é uma mentira.

Aqui compreenderemos em que consiste a comunhão dos santos.

Se apenas Nosso Senhor Jesus Cristo é o caminho, verdade e vida, pelo qual sem Ele não chegamos ao Pai, em que consiste a intercessão dos santos?
"Só o Senhor é santo, Ele é o único mediador entre Deus e os homens", é o que afirmam muitos protestantes, e de fato Ele é o santo dos santos. Apenas em Cristo temos salvação, porém, mediador e medianeiro são coisas distintas e o que nós, católicos apostólicos romanos afirmamos é exatamente isso. Ora, então em podemos basear a comunhão dos santos? Simples, no próprio Cristo e no Teu Evangelho. Gostaria de lembrar que as Sagradas Escrituras não é o único pilar da fé católica, porém, para deixar um pouco mais claro esta comunhão devido a forte cultura protestante do: "onde está na Bíblia...", Com base nas Sagradas Escrituras aqui explico:

O próprio Cristo nos diz: "Pois minha carne é verdadeira comida, e meu sangue verdadeira bebida. Quem come da minha carne e bebe do meu sangue permanece em mim, e eu nele."1. Aqui, temos a ideia da primeira comunhão, primeira no sentido que o próprio Cristo da Teu Corpo para a Santificação e Salvação dos homens, pois Ele mesmo nos diz: "quem comer deste pão viverá para sempre."2, então temos aqui uma ligação direta do Cristo com Tua Igreja que é Teu Corpo. Ora, como poderia o corpo andar e viver sem a cabeça? Logo, a Igreja faz parte de um Corpo Maior que é Cristo. Sendo assim, o católico não crer apenas na Salvação mais também na Santidade. A santidade é o modo pelo qual o cristão toma Cristo como maior modelo e tenta assemelhar ao máximo em teus ensinamentos para alcançar a plenitude da graça. 
Sendo assim, todos os que comem da Carne e bebe do Sangue de Cristo faz parte nEle e Ele no homem. Imaginamos o seguinte: Se eu comungo da Eucaristia, você, caro leitor que também comunga e o asiático que também comunga, todos nós estamos fazendo parte em Cristo e Ele em nós, logo, pela Eucaristia pertencemos com mais intimidade a este Corpo Maior que é o Corpo de Cristo. Ou seja, todos nós se fazemos parte de Cristo e Ele é o caminho, logo, nEle nos tornamos também o caminho.
Mas e aqueles que morreram? Bem, aí adentramos mais ainda no nosso assunto, pois nas Sagradas Escrituras podemos ver que "nem a morte nos separará do amor de Cristo"3. Afinal, Ele veio "para que todos tenham vida e vida eternamente."4
Como o Espírito Santo não se contradiz, Cristo é a verdade e não se contradiz e a Palavra não é usada contra a própria Palavra, sendo assim, todas essas citações estão relacionadas, tendo Cristo como base nos permitindo ver a comunhão dos santos. Porém, vamos entender um pouco mais o que seria esse "ser medianeiro", vejamos alguns exemplos:

1) Nossa Senhora intercede a Cristo nas Bodas de Caná onde ocorre o primeiro milagre: a transformação da água em vinho.5
2) Os milagres do Apóstolos.6
3) A sombra de São Pedro que curava.7
4) As curas de São Paulo.8
5) A cura do paralitico por São Pedro.9
6) Os incensos que são as orações dos Santos.10
7) OS SANTOS QUE REZAVAM NO CÉU.11

"Todos os cristãos creem na salvação. Nós católicos, porém, cremos em muito mais: cremos na santidade.Cremos que é possível, ainda nesta vida terrena, alcançar "plenitude da vida cristã e a perfeição da caridade"12.13

Então, o que afinal significa comunhão dos santos?
"Comunhão dos santos significa que todos os fiéis, formando um só Corpo em Jesus Cristo, aproveitam-se de todo o bem que existe e se faz no próprio Corpo, ou seja, na Igreja Universal*, contanto que não estejam impedidos pelo afeto ao pecado."14










(Texto: Vitor Ferreira)


Notas:

1- Jo VI, 55-56
2- Jo VI, 58
3- Rm VIII, 38
4- Jo X, 10
5- Jo II, 1-11
6- At V, 12
7- At V, 15
8- At XIX, 11-12
9- At III
10- Ap V, 8
11- Ap VI, 9-10
12- Lumen Gentium 40
13- Padre Paulo Ricardo, n.112. creio na comunhão dos santos.
14- Catecismo da Doutrina Cristã de São Pio X, Cap. VI, n. 122.
*A palavra "Católica" vem do Grego e significa Universal.

Bibliografia:

- Evangelho de São João
- Carta aos Romanos
- Atos dos Apóstolos
- Apocalipse segundo São João
- Constituição Lumem Gentium
- Canal Padre Paulo Ricardo: https://padrepauloricardo.org/episodios/creio-na-comunhao-dos-santos
- Catecismo da Igreja Católica de São Pio X

sábado, 31 de outubro de 2015

Por que o atual Halloween não é uma festa Cristã.

A origem do "Halloween" vem da tradição Celta pagã: Samhain, Festa do sol, ela tinha início na noite do dia 31 de Outubro e marcava o final das colheitas e o verão. Isso já no Século VI a.C. A festa era ministrada pelos sacerdotes druidas (druismo era a religião Celta). Segundo esta tradição, neste período, o mundo dos mortos se ligava com o mundo dos vivos, então, o sacerdote era instruído a ser o medianeiro entre ambos. Em resposta aos mortos, as pessoas vivas ofereciam alimentos a noite e se fantasiavam, alguns defendem que as fantasias serviam tanto para os espíritos dos mortos passassem por despercebidos ou até mesmo assusta-los. Então, podemos observar que o atual Halloween não tem quase ligação nenhuma com sua origem, pelo menos a primeira vista. Entretanto, muitos fundamentos ainda são os mesmos: A prática de sair fantasiados, procurar doces, enfatizar o mundo dos mortos no mais aspecto fúnebre da realidade e, inclusive o famoso "Trick or Treat" (doçuras ou travessuras), é o fruto de uma prática já em diversas seitas pagãs no qual, em troca do livramento de algum castigo, deveriam fazer uma oferta. Tais práticas muito enraizadas pelos Irlandeses que levaram esse costume aos Estados Unidos. Daí os acréscimos dos elementos pagãs como fantasmas e seres místicos (na cultura deles seriam os duendes, fadas, bruxas, monstros, etc).

Onde encontramos a Igreja nesse enredo?
  
Havia em Roma o Panteão, um templo pagão para o culto dos antigos deuses romanos, então o Papa Bonifácio IV converteu consagrando este templo e dedicou a "Todos os Mártires" ou "Todos os Santos", que por sinal sua data de celebração era no dia 13 de Maio. O Papa Gregório III muda a data para primeiro de Novembro, dia da fundação da capela de Todos os Santos na Basílica de São Pedro. Depois o Papa Gregório IV ordena a celebração de todos os santos em todo o mundo.

A Igreja não só celebra o dia de Todos os Santos no dia primeiro de Novembro como convida seus membros à vigília de Todos os Santos e, adivinha qual é a data da véspera do dia primeiro? Exatamente, dia 31 de Outubro. Lembram dos Irlandeses nos EUA? Então, Véspera de Todos os Santos em Inglês é: All Hallo's eve. A noite da vigília de todos os santos seria: All Hallow's Evening e então... Halloween! Conforme a cultura dos diversos imigrantes Irlandeses... Dia das Bruxas. Aqui temos a celebração pelos mortos totalmente diferentes. No primeiro caso, a Igreja, celebra os santos, homens que se encontram na presença de Deus, ou seja, no paraíso, em vigílias e orações constantes. No segundo, conforme a cultura pagã que coincide na mesma data da vigília, temos as práticas do que se formou o atual Halloween que alimentam a cultura pagã.

Este ultimo, infelizmente, tal cultura se paganizou drasticamente e, encerrou então a prática e cultura do oculto e da morte, onde a festa do Halloween da ênfase as almas que morreram e habitam num submundo de aspecto tenebroso e negro. Ora, para um cristão, tal ambiente de morte, frio, escuro e tenebroso é o Inferno, ausência total de Deus. Além disso, existe uma ênfase em elementos como: magia, feitiçaria, bruxas e tantas outras que são condenadas nas Sagradas Escrituras e no Magistério da Igreja.
Assim, o Halloween faz um total contraste aos dias Cristãos de Todos os Santos e Finados, é uma pratica "anticristã"1 no qual encontramos a Igreja Celeste, aqueles já estão na presença de Deus e Finados, a Igreja Padecente, as almas de nossos irmãos que morreram e aguardam para entrar no Reino dos Céus. Tais estados pós morte totalmente contrários ao ambiente apresentado pelo Halloween. 

“Como numa paródia, o diabo inventou a comemoração do Dia das Bruxas, que contém uma miséria escondida porque celebra as pessoas condenadas ao inferno. Muitos acham que o inferno não existe porque Deus é Misericórdia, mas é preciso entender que o inferno existe porque o homem é livre, ou seja, nós podemos ou não escolher entrar na felicidade eterna. É importante lembrar que nossa alma ainda está em risco, podemos ser salvos, mas ainda podemos nos perder.”2
No dia 10 de Outubro de 2009 o Vaticano afirmou que o Dia das Bruxas é perigoso: "o Dia das Bruxas é uma corrente do ocultismo e completamente anticristão". Padre Canals pediu que os pais fiquem "atentos e tentem direcionar o significado da festa para a saúde e a beleza em vez do terror, do medo e da morte"3.

A Igreja com base nas Sagradas Escrituras e no Magistério preservados pela Tradição, condena toda forma e prática do ocultismo:
"Não se ache no meio de ti quem faça passar pelo fogo seu filho ou sua filha, nem quem se dê à adivinhação, à astrologia, aos agouros, ao feiticismo, à magia, ao espiritismo ou à invocação dos mortos, porque o Senhor, teu Deus, abomina aqueles que se dão a essas práticas, e é por teu Deus expulsa diante de ti essas nações."4
“Todas as formas de adivinhação hão de ser rejeitadas: recurso a Satanás ou aos demônios, evocação dos mortos ou outras práticas que erroneamente se supõe “descobrir” o futuro. A consulta aos horóscopos, a astrologia, a quiromancia, a interpretação de presságios e da sorte, os fenômenos de visão, o recurso a médiuns escondem um desejo de ganhar para si os poderes ocultos. Essas práticas contradizem a honra e o respeito que , unidos ao amoroso temor, devemos exclusivamente a Deus."5 
Sendo assim, não é prudente que o Cristão Católico faça parte de tais festejos, isso porque ajuda a propagar e colabora diretamente com a cultura maior por trás da festa. Ainda que nas melhores intenções, não muda o fato da cultura da morte ali apresentada e contemplada, ser diferente da fé professada. 








(Texto: Vitor Ferreira. Revisão: Thiago Palácio)

Notas:
1- Daily Mail, pronunciamento sobre o Halloween, Outubro de 2009
2- Padre Paulo Ricardo, 13, Solenidade de todos os santos: https://padrepauloricardo.org/episodios/solenidade-de-todos-os-santos--2?utm_content=buffer26b7b&utm_medium=social&utm_source=facebook.com&utm_campaign=buffer
3- L'osservatore Romano.
4-  Deuteronômio XVIII, 10-12
5- CIC, n.2116

Referências:
- Padre Paulo Ricardo, 13, Solenidade de todos os santos.
- L'osservatore, "As perigosas mensagens do Halloween", Outubro de 2009
- Daily Mail, Outubro de 2009
- Catecismo da Igreja Católica, n. 2116.
- Acidigital, Oito coisas que você deve saber antes de fantasias teu filho.
- Prof. Felipe Aquino, club Canção Nova.
- Livro do Deuteronômio XVIII, 10-12



sexta-feira, 30 de outubro de 2015

O que não é Catequese - Parte 2.

Começa aqui a segunda parte sobre o que Catequese NÃO é:

3) Por que não podemos basear a catequese em "movimentos católicos"?

R: Os atuais "movimentos católicos" possuem muitos perfis diferentes, conseqüência disso podemos encontrar alguns erros ou discordâncias com a fé, isso porque o homem assume a frente do movimento, cada um assume sua identidade e mantém teus costumes ou simplesmente dão ênfases naquilo que chamam de "carismas". Conforme mencionado anteriormente sobre o fim ultimo da catequese, podemos concluir que o perfil necessário aos candidatos é de Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica. Isso significa dizer atualizar o costume único da Igreja Milenar encontrada na Tradição que é "o ensinamento de Jesus Cristo e dos Apóstolos, feito a VIVA VOZ (olha aí o significado da catequese novamente), e da Igreja transmitido até nós SEM ALTERAÇÃO".¹

4) Por que não posso dançar na aula?

R: Tendo em vista que o fim maior é pelo ensinamento poder receber e participar dos Santos Sacramentos, dançar não é um meio pelo qual se instrui a Doutrina. Por exemplo, ainda que nas melhores intenções, não há uma coreografia que ensine o que é um Dogma Mariano ou até mesmo quais são as virtudes, o ensinamento da Igreja requer por si só atenção e cuidado com os assuntos tratados (até porque estamos falando de assuntos divinos). O momento da catequese é um local que teremos um encontro com Nosso Senhor Jesus Cristo por meio dos ensinamentos da Igreja que é Teu Corpo.

5) Por que não posso basear a aula em experiências pessoas?

R: O homem é composto de alma e corpo, as paixões "são comoções ou movimentos violentos da alma que, se não são moderados pela razão, arrastam ao vício e, muitas vezes inclusive ao crime"². Logo, algumas experiências que mexem muito com nossos sentimentos (que é do homem) abre espaço para o que é do homem assumir o que é divino, por exemplo, o seu vicio que "é o hábito de fazer o mal, adquirido repetindo atos maus.". Se o catequista tem o vicio de colocar o seu "movimento católico" como padrão de doutrina cristã, ele comete o erro de alterar a doutrina e propagar o erro, caindo muitas vezes no achismo.







(Texto: Vitor Ferreira. Revisão: Thiago Palácio)

NOTAS:

1 Catecismo da Doutrina Cristã de São Pio X, Cap III, p. 235
2 Catecismo da Doutrina Cristã de São Pio X, Cap III, p. 259



Bibliografias:
Constituição Dei Verbum, Cap. II, p.9-10.
Catecismo da Doutrina Cristã de São Pio X.
Prof. Sidney Silveira, breve comentário sobre Magistério segundo Santo Tomás de Aquino.




Constituição Dei Verbum: http://goo.gl/H6VWI
Contra Impugnantes: http://contraimpugnantes.com/cimoodle/

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

O que não é Catequese - Parte 1.

Começa aqui a primeira parte sobre o que a Catequese NÃO é:

1) Por que não podemos basear uma aula apenas usando as Sagradas Escrituras?
R: A Fé Católica não é baseada apenas nas Sagradas Escrituras, ela possui três pilares: Tradição, as Sagradas Escrituras e o Magistério.

Sobre a Tradição

"E assim, a pregação apostólica, que se exprime de modo especial nos livros inspirados, devia conservar-se, por uma sucessão contínua, até à consumação dos tempos. Por isso, os Apóstolos, transmitindo o que eles mesmos receberam, advertem os fiéis a que observem as tradições que tinham aprendido quer por palavras quer por escrito (cfr. 2 Tess. 2,15), e a que lutem pela fé recebida de uma vez para sempre (cfr. Jud. 3). Ora, o que foi transmitido pelos Apóstolos abrange tudo quanto contribui para a vida santa do Povo de Deus e para o aumento da sua fé; e assim a Igreja, na sua doutrina, vida e culto, perpetua e transmite a todas as gerações tudo aquilo que ela é e tudo quanto acredita" 1

Sobre as Sagradas Escrituras:

"A sagrada Tradição, portanto, e a Sagrada Escritura estão intimamente unidas e compenetradas entre si. Com efeito, derivando ambas da mesma fonte divina, fazem como que uma coisa só e tendem ao mesmo fim. A Sagrada Escritura é a palavra de Deus enquanto foi escrita por inspiração do Espírito Santo; a sagrada Tradição, por sua vez, transmite integralmente aos sucessores dos Apóstolos a palavra de Deus confiada por Cristo Senhor e pelo Espírito Santo aos Apóstolos, para que eles, com a luz do Espírito de verdade, a conservem, a exponham e a difundam fielmente na sua pregação; donde resulta assim que a Igreja não tira só da Sagrada Escritura a sua certeza a respeito de todas as coisas reveladas. Por isso, ambas devem ser recebidas e veneradas com igual espírito de piedade e reverência."2

Sobre o Magistério:

"A sagrada Tradição e a Sagrada Escritura constituem um só depósito sagrado da palavra de Deus, confiado à Igreja; aderindo a este, todo o Povo santo persevera unido aos seus pastores na doutrina dos Apóstolos e na comunhão, na fração do pão e na oração (cfr. At. 2,42 gr.), de tal modo que, na conservação, atuação e profissão da fé transmitida, haja uma especial concordância dos pastores e dos fiéis. Porém, o encargo de interpretar autenticamente a palavra de Deus escrita ou contida na Tradição, foi confiado só ao magistério vivo da Igreja, cuja autoridade é exercida em nome de Jesus Cristo. Este magistério não está acima da palavra de Deus, mas sim ao seu serviço, ensinando apenas o que foi transmitido, enquanto, por mandato divino e com a assistência do Espírito Santo, a ouve piamente, a guarda religiosamente e a expõe fielmente, haurindo deste depósito único da fé tudo quanto propõe à fé como divinamente revelado. É claro, portanto, que a sagrada Tradição, a sagrada Escritura e o magistério da Igreja, segundo o sapientíssimo desígnio de Deus, de tal maneira se unem e se associam que um sem os outros não se mantém, e todos juntos, cada um a seu modo, sob a ação do mesmo Espírito Santo, contribuem eficazmente para a salvação das almas."3

2) Por que Catequese não é apenas um "encontro de partilha"?
R: Catequese vem do latim “catechesis”, por sua vez derivada da palavra grega “κατήχησις” que significa "instruir a viva voz". Ora, instruir é ensinar, quando se partilha podemos encontrar diversas opiniões pessoais e no fim... a ausência da verdade. Para ensinar é necessário alguém instruído como o ministro ao qual irá instruir os ensinamentos da Igreja, então temos presente o magistério, mas para este ultimo ser autêntico e válido, é preciso conter as quatro premissas: "Submissão do intelecto do discípulo, o inteligido é um aspecto do ser demonstrado pelo mestre, a credibilidade do mestre e o grau da certeza alcançada pelas demonstrações do mestre."4. Logo, catequese não é uma partilha e sim uma instrução da doutrina católica para o fim ultimo de conhecimento da fé católica, atualizar a profissão de fé de sempre, manter viva a tradição da Igreja, seu magistério e fidelidade a revelação das Sagradas Escrituras e assim alcançar a graça de participar dos Santos Sacramentos.




(Texto: Vitor Ferreira. Revisão: Thiago Palácio)

NOTAS:

1 Constituição Dei Verbum, Cap. II. p.8
2 Constituição Dei Verbum, Cap. II, p. 9
3 Constituição Dei Verbum, Cap II. p. 10
4 Prof. Sidney Silveira, breve comentário sobre Magistério segundo Santo Tomás de Aquino

Constituição Dei Verbum :http://goo.gl/H6VWI